Vereador Marcello Siciliano chega à Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio para depor - Estefan Radovicz/ Agência O Dia
Vereador Marcello Siciliano chega à Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio para deporEstefan Radovicz/ Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O vereador Marcello Siciliano (PHS) se disse revoltado com a ação da Polícia Civil que cumpriu mandados de busca e apreensão em seis endereços ligados ao parlamentar na manhã desta sexta-feira. Ele chegou na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio, às 10h38, acompanhado de dois advogados para prestar depoimento na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) no âmbito da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completam nove meses nesta sexta-feira. A mulher de Siciliano, Verônica Barbosa Garrido, prestou depoimento por quase quatro horas, deixando o local às 13h51 sem falar com a imprensa. Já o parlamentar permanecia sendo ouvido às 14h10.

Em áudio divulgado por sua assessora de imprensa, o vereador nega as acusações e diz que a Polícia Civil inventou uma operação para  ligá-lo à morte da vereadora.   

"Depois de nove meses, inventaram uma operação pela Delegacia do Meio Ambiente para tentar me incriminar dessa tamanha covardia. Eu não sou criminoso, não sou bandido. Sou um cara do bem, tenho cinco filhos, três netos. Estou muito triste e muito envergonhado com essa situação toda errada ao meu respeito", diz. O vereador acrescentou que está muito triste, chateado e revoltado. "Vou lutar até o final”, afirma.

Siciliano disse que as denúncias contra ele 'não batem'. Ele disse que não teve tempo de criar uma rivalidade com a vereadora assassinada. "Eu conheci a Marielle quando assumi o meu mandato. Assumimos e entramos em recesso. Os trabalhos começaram em março. Como eu vou tê-la como rival em um mês de trabalho na Câmara? Nada bate", declara. 

O vereador também nega articulação com o miliciano preso Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica. Os dois foram apontados como mandantes do crime por uma testemunha em maio. "Os votos não batem. A disputa territorial não bate. Não tive votos onde me acusam. Não tenho ligação com a pessoa (Orlando Curicica) e nem ninguém. Estão inventando outro tipo de possibilidade (para me incriminar)", disse.

Ao chegar para depor às 10h38, Siciliano classificou a ação como injusta. "Não sei o que está acontecendo. Fui pego de surpresa. Estou aqui para tomar conhecimento. Eu estou revoltado com isso tudo e continuo indignado com essa acusação maligna que fizeram a meu respeito", disse ao chegar na Cidade da Polícia.

Marcello Siciliano (PHS) diz que está à disposição da Justiça, na qual disse confiar: 'Tenho certeza que no final eles vão ver que tudo foi uma baita covardia que tentaram fazer comigo' - Estefan Radovicz/ Agência O DIA

O vereador disse que está à disposição da Justiça, na qual disse confiar. "Na primeira vez que me acusaram estive na Delegacia (de Homicídios), no mesmo dia, e agora novamente estou aqui à disposição para o que for preciso. Tenho certeza que no final eles vão ver que tudo foi uma baita covardia que tentaram fazer comigo", acrescentou.    

O parlamentar disse querer que o crime seja esclarecido e que a família de Marielle 'merece a verdade'. " A minha família está sofrendo e tenho certeza que a família da Marielle não merece isso, merece a verdade. Acho que é a verdade que tem que vir à tona. Houve busca e apreensão na minha casa e acredito que ela esteja vindo para assinar alguma coisa”, declarou. 

Verônica Barbosa Garrido, mulher de Marcello Siciliano (PHS), presta depoimento na Cidade da Polícia - Estefan Radovicz / Agência O Dia

A mulher de Siciliano que estava no apartamento de luxo na Barra da Tijuca durante o cumprimento do mandado, também foi conduzida à Cidade da Polícia. Verônica Barbosa Garrido chegou para depor às 11h05, acompanhada por policiais da DPMA. Rapidamente, ela disse ao DIA que foi à delegacia “para ajudar a Justiça”.

Ao DIA, policiais civis disseram que a ação desta sexta-feira é uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da DPMA sobre grilagem de terras e construções irregulares na Zona Oeste do Rio. Segundo a Polícia Civil, Siciliano estaria envolvido nesse crime. Ainda segundo os policias, esse crime que teria motivado a morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista Anderson Pedro Gomes há exatos nove meses.

Agentes da Polícia Civil chegaram por volta das 6h na Câmara Municipal. Como o gabinete de Siciliano estava fechado, os agentes arrombaram a porta, após tentarem encontrar um chaveiro. Foram apreendidos um CPU, um tablet, um HD externo e um computador. Em seguida, o gabinete foi lacrado. 

Na casa do vereador, os agentes precisaram quebrar uma parede para apreender um cofre que não conseguiu ser aberto no local. Também foram levados um tablet, um computador, documentos e arquivos de mídia como HD externo e CD na casa de Siciliano.

Em maio, uma testemunha apontou Siciliano como um dos mandantes do crime. Ele chegou a prestar depoimento à polícia na ocasião. O miliciano Orlando Araújo, Orlando de Curicica, seria um dos articuladores dos assassinatos. Os dois negam envolvimento no crime.

O secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, disse em entrevista ao jornal Estado de São Paulo desta sexta-feira, que milicianos mataram Marielle, em um crime planejado desde 2017, por acreditarem que a vereadora poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na Zona Oeste do Rio.

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