Cemitérios de Caxias são interditados - Neemias Avlis/DIVULGAÇÃO
Cemitérios de Caxias são interditadosNeemias Avlis/DIVULGAÇÃO
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Um impasse entre a concessionária que administra cinco cemitérios de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e a prefeitura da cidade aumenta o sofrimento de familiares que perderam seus entes queridos e não consegue enterrá-los. Nesta segunda-feira, os espaços foram interditados após 23 corpos terem sido encontrados no necrotério da o Hospital Moacyr do Carmo, no último sábado. Muitos parentes de mortos estão fazendo o sepultamento em outras cidades.

“Estamos na tentativa de enterrar a filha da minha amiga há quase 24 horas. Por conta da burocracia, vamos tentar enterra-lá no Cemitério de Bongaba (em Magé). Não estamos conseguindo enterrar aqui em Caxias”, disse a comerciante Andreia Rodrigues Sobreira, de 48 anos. “Nessa guerrinha entre a Prefeitura e a empresa que administra o cemitério, quem fica prejudicado é a população. O Ministério Público tem que entrar nesse caso para nos ajudar. É uma falta de respeito. Nem depois da morte podemos dar um enterro digno pra nossos parentes”, conta emocionada Luciana Valentin, 34, vendedora.

O representante da concessionária AG-R Eye Obelisco Serviços Funerários, que administra os cemitérios, disse que não estão irregulares e que a presença de corpos no necrotério do hospital, que possuem gratuidade para o enterro, deveria ser comunicada pela prefeitura para que os serviços fossem prestados. "Assim que fomos informados, imediatamente enterramos sete corpos. Vamos enterrar todos os outros. Não houve e não haverá recusa (para os enterros)”, disse o advogado Daniel Simoni. O DIA apurou que, só até 12h desta terça-feira, os cinco cemitérios de Caxias já tinham agendados para serem enterrados 20 corpos.

Simoni falou que a empresa tem pelo menos seis liminares, inclusive uma do Supremo Tribunal Federal (STF), que impede que o prefeito suspenda a concessão da concessionária e que Washington Reis inaugure um sexto cemitério (o que fica na Rodovia Washington Luís). “Ele tem uma obsessão para retirar a AG-R do consórcio e omite uma série de informações”, disse o advogado.

A AG-R tem contrato com a Prefeitura de Duque de Caxias até 2037. Até lá, a empresa é obrigada a fazer uma série de melhorias nos cinco cemitérios municipais. Como a construção de um cemitério vertical e um crematório. “Essa decisão do prefeito é de caráter apenas administrativo. Vamos passar por cima dela e vai recorrer ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça”, afirmou o defensor.

Ontem, após ser notificada, a AG-R registrou um boletim de ocorrência na 59ª DP (Duque de Caxias) por crime de desobediência e abuso de autoridade contra o subsecretário de Fiscalização, Alcides Leôncio Cidinho de Freitas. A Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que está vendo junto à Procuradoria do Município “quais são os caminhos legais para acionar a concessionária AG-R Eye Obelisco Serviços Funerários judicialmente”. Segundo a Prefeitura, “a empresa está descomprimido a ordem do município determinada pelo prefeito”.

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