Linha 3 está pronta desde dezembro de 2018, mas não foi inaugurada por falta de verba - Alexandre Brum / Agência O Dia
Linha 3 está pronta desde dezembro de 2018, mas não foi inaugurada por falta de verbaAlexandre Brum / Agência O Dia
Por *Felipe Rebouças

Rio - Um dia após O DIA mostrar que a Linha 3 do VLT está pronta mas não é inaugurada devido à falta de repasses de recursos do município, o prefeito Marcelo Crivella disse nesta terça-feira que está tentando fazer um equilíbrio financeiro-econômico do contrato com o consórcio VLT Carioca. No entanto, ele não estipulou uma data para a inauguração do novo trajeto, que ligará a Central ao Aeroporto Santos Dumont em 18 minutos. As obras começaram em janeiro de 2018 e, pelo cronograma inicial, deveriam ser entregues no dia 15 de novembro. Enquanto isso não acontece, eventuais passageiros e comerciantes da região reclamam dos transtornos.

Crivella lembrou, em entrevista à Rádio Tupi, que o contrato assinado na gestão anterior prevê que o governo municipal arque com o prejuízo, caso a demanda diária seja inferior a 260 mil usuários. "Hoje, tem apenas 60 mil (passageiros por dia), e a Prefeitura do Rio tem que pagar o resto. Estamos procurando fazer um equilíbrio do contrato, porque é muito caro pagar 200 mil passagens todos os dias", completou o prefeito.

Além dessa dívida, o município tem 23 anos - cerca de 270 parcelas - para desembolsar R$ 625 milhões custeados pela concessionária para a construção do transporte que circula pela Zona Central. Para auxiliar a Prefeitura do Rio nessa empreitada, a União enviou R$ 532 milhões por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, totalizando R$ 1,157 bilhão. Nem o governo municipal nem o consórcio VLT, no entanto, informaram ao DIA qual é o valor da pendência entre as partes quanto ao pagamento das parcelas.

"Enquanto a gente não resolver isso (o reequilíbrio), nós não vamos pagar o final da obra. E aí fica pendente o trecho 3. Mas espero que, nos próximos dias, a gente resolva isso", concluiu Crivella.

Transtornos

"Em seis anos trabalhando aqui, foi a pior coisa que aconteceu na minha vida". Assim o comerciante Fábio Silva definiu o período das obras da Linha 3, último trecho que falta para completar o circuito do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). De 6 de janeiro até 15 de dezembro de 2018, período em que as obras estavam em curso, as ruas contíguas ao novo trecho foram fechadas, e o comércio local acompanhou o processo à força. Os prejuízos foram inevitáveis.

"Teve um rapaz, no ano passado, que chegou a abrir uma loja mas fechou dois meses depois. Foi um problemão, veja só", contou o comerciante Joel Pedro, gerente da Galeria 151, localizada à frente da estação Camerino. "O meu movimento financeiro, por exemplo, caiu 90%", revelou.

Prefeitura quer abrir caixa-preta

Procurada pelo DIA, a prefeitura não entrou em detalhes sobre as pendências financeiras com o consórcio VLT, mas declarou que "os pagamentos só serão retomados quando as partes chegarem a um acordo que permita o equilíbrio financeiro da operação". O governo municipal informou ainda que "quer abrir a caixa-preta do VLT".

Em nota, a concessionária também informou que tenta agendar reuniões, sem sucesso, com o prefeito para regularizar os pagamentos. "A Linha 3 já foi testada e está pronta para operar. No entanto, as pendências financeiras com os fornecedores impedem o funcionamento do VLT neste momento".

O desencontro também está nos números de passageiros. Enquanto o prefeito afirma ser 60 mil passageiros por dia, a concessionária informa 80 mil, com demanda de 200 mil usuários, diferente dos 260 mil ditos pelo Crivella.

*Estagiário sob supervisão de Angélica Fernandes

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