Estreante no Grupo Especial, carnavalesco Edson Pereira abusou da criatividade para fazer o desfile com verba reduzida. Um dos carros foi finalizado com 3 mil garrafas PETs - FOTOS DE Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Estreante no Grupo Especial, carnavalesco Edson Pereira abusou da criatividade para fazer o desfile com verba reduzida. Um dos carros foi finalizado com 3 mil garrafas PETsFOTOS DE Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Rio - A Unidos de Vila Isabel vai levar a comunidade do Morro dos Macacos para subir a Serra de Petrópolis neste Carnaval. Com o estreante Edson Pereira, de 41 anos, como carnavalesco no Grupo Especial, a agremiação contará a história da Cidade Imperial e vai exaltar a Princesa Isabel, que dá nome ao bairro da Zona Norte. No desfile, não faltarão os pontos turísticos petropolitanos, como Quintandinha e Museu Imperial, e um baile abolicionista de 1888, no Palácio de Cristal, será recriado só convidados negros.

Segundo Edson, a ideia é trazer a escola de volta para suas origens e falar de sua essência. "Petrópolis é extremamente ligada à história da Vila pelo fato da princesa ter escolhido a cidade para viver eternamente. Ela foi sepultada lá. E a história do Império, junto ao bairro de Noel Rosa, se mistura. É um enredo que a comunidade se identificou", pontuou.

Para retratar o luxo do fundador da cidade, Dom Pedro II, e da Família Real, o carnavalesco precisou abusar da imaginação. "O luxo está diretamente ligado à criatividade. Por conta da crise no Carnaval, usamos de todos os artifícios e materiais alternativos. Uma das alegorias, por exemplo, foi finalizada com 3 mil garrafas PETs", contou.

Sobre a verba enxuta para este ano - a Prefeitura cortou novamente pela metade o repasse de R$ 1 milhão para as escolas de samba, e a Uber cancelou o patrocínio de R$ 500 mil -, Edson afirmou que a palavra-chave é planejamento. "Começamos o trabalho em março de 2018, e minha experiência também favorece. Estou há 20 anos no Carnaval, comecei na Intendente Magalhães e passei pelo Grupo de Acesso. Estou acostumado a criar soluções na dificuldade", destacou o carnavalesco, que trouxe a Viradouro de volta ao Especial em 2019. A agremiação Azul e Branca já finaliza suas fantasias e tem quatro das cinco alegorias prontas no barracão.

Carruagem e catedral

O desfile será aberto com o passeio da coroa da Vila Isabel e a do Império. O carro alegórico, com mais de 60 metros, terá uma carruagem com a Catedral de São Pedro de Alcântara, um dos símbolos do município serrano. Já as baianas vão representar a tradicional escola, classificada em nono lugar no ano passado.

O enredo 'Em nome do pai, do filho e dos santos, a Vila canta a cidade de Pedro' também vai retratar os índios e as belezas naturais na subida para a Região Serrana, assim como a construção e o progresso de Petrópolis. "Mostraremos os imigrantes alemães, italianos e franceses", mencionou o diretor de Carnaval Wilsinho Alves, 33 anos.

No período republicano, o destaque no carro alegórico é do antigo cassino do Hotel Quintandinha, e uma ala representará o inventor Santos Dumont, que projetou uma casa de veraneio na localidade.

Por fim, a Vila fará um reencontro com sua negritude ao reconstituir o baile no Palácio de Cristal que alforriou os últimos escravos, após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Porém, enquanto na festa histórica só os nobres fizeram presença, o Baile na Sapucaí acontece para os negros. "É a valorização desse povo. Ganhar o título é consequência, busco sempre o melhor", avaliou o carnavalesco Edson.

Sabrina vai para Avenida

A apresentadora Sabrina Sato, que teve sua primeira filha, a Zoe, em dezembro, é presença confirmada como rainha de bateria, assim como o sambista Martinho da Vila. Uma das surpresas do desfile, que a agremiação da Zona Norte guarda a sete chaves, é o desenvolvimento da Comissão de Frente e da percussão. "A bateria na frente do módulo de julgadores vai surpreender", afirmou o diretor de Carnaval Wilsinho, sem dar detalhes.

Um dos compositores do samba-enredo sobre Petrópolis, André Diniz, de 45 anos, contou que teve na filha de 4 anos, de nome Isabel, e na paixão pela escola sua inspiração. "O nome dela é em homenagem à Vila e à princesa", disse. "No samba, transformei Isabel na narradora. Além de ser emocionante, traz uma riqueza maior ao enredo. Sou apaixonado por Petrópolis", acrescentou André, que emplaca sua 18º canção na escola.

Também autor do famoso 'Festa no Arraiá', o compositor começou na bateria mirim e divide a profissão com a de professor de história. "Por mais que tenha vencido mais de 150 sambas em vários estados, a Vila Isabel é meu ventre, é uma emoção diferente", reconheceu André.

*Estagiária sob supervisão de Angélica Fernandes

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