Mateus (E) usa blusa preta em van sem ar para instalar persianas. O motorista Cosmo reclama do 'maçarico':
Mateus (E) usa blusa preta em van sem ar para instalar persianas. O motorista Cosmo reclama do 'maçarico': "é pedir para ficar ensopado"fotos Fernanda Dias
Por O Dia

Rio - De blusa social e gravata, o motorista particular Cosmo Rezende, de 63 anos, destoava do figurino biquíni e sunga na orla de Ipanema ontem à tarde. Molhado de suor, o trabalhador é só mais um dos cariocas que não conseguem fugir da vestimenta formal, e sofrem no calor intenso da cidade. "Está insuportável, a sensação térmica deve ser de mais de 40 graus! De carro você quase não acha vaga, e alguns dos ônibus não são refrigerados. Andando então, nem se fala, ainda mais de roupa social como estou. É pedir para ficar ensopado", disse.

A sensação de 'maçarico' é a mesma de Mateus Nazário, 27. Instalador de persianas, ele precisa vestir o uniforme de camisa polo e calça jeans diariamente. "Para sobreviver nesse calor só na base de muita água. Fora que nem o ventilador está salvando mais, o calor está escaldante", destacou Mateus, que ainda se locomove com a van da empresa, sem ar-condicionado.

Até o vendedor de picolé da praia Eduardo Lima, de 18 anos, concordou que as altas temperaturas precisam dar um refresco. "O calor é bom porque traz clientes, mas ao mesmo tempo nos castiga", afirmou ele, que trabalha há dois meses na função. "Comecei para ajudar um amigo. Para sobreviver, é preciso fazer esse esforço". No figurino, o jovem tem a liberdade de usar bermuda e chinelo. Porém, não esquece do chapéu para proteger o rosto.

Superintendente de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde, Leonardo Graever, alertou para os problemas de saúde no verão. Segundo ele, a desidratação, insolação, hipertermia e intoxicação alimentar são comuns nesta época do ano. "Os principais sintomas são palpitação, sonolência, dor de cabeça, pele com temperatura muito alta e diarreia. Nesses casos, o ideal é procurar a Clínica da Família ou um Centro Municipal de Saúde", explicou. Se o paciente tiver dificuldades para andar ou falar por conta dos sintomas, deve ser encaminhado a um hospital.

Para evitar as indisposições, o médico indica o consumo de isotônicos e muita água, e a atenção para refrigeração dos alimentos. "Os isotônicos têm sais minerais, por isso são ainda melhores que água. Já os refrigerantes devem ser evitados, pois ainda pioram a desidratação, a sensação de refresco é momentânea", ponderou. "Para os alimentos, cheque a refrigeração da geladeira e evite comer na rua. Comidas com ovo e produtos embutidos são alguns dos causadores das infecções intestinais", finalizou.

Calor continua, sem chuvas

Até sexta-feira, o calor não deve dar trégua, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. A máxima prevista para hoje é de 38°C, sem chuvas. A maior temperatura do verão registrada até agora foi de 41,2°C em Santa Cruz, no dia 3 de janeiro.

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