Dermatologista alerta que, se usados de  forma equívoca, alguns produtos podem causar irritações e sérios riscos à saúde - DIVULGAÇÃO
Dermatologista alerta que, se usados de forma equívoca, alguns produtos podem causar irritações e sérios riscos à saúdeDIVULGAÇÃO
Por Luana Dandara *

Rio - Foi-se o tempo em que apenas as fantasias dos desfiles das escolas de samba chamavam atenção pela exuberância e criatividade. Para vários foliões de blocos de rua, o figurino para pular Carnaval é coisa séria, e não há espaço para improviso ou amadorismo. A um pouco mais de um mês do início oficial da festa, tem gente investindo pesado nas customizações para brilhar nos cortejos. De Capitão Gay, sucesso dos anos 80 de Jô Soares, até gato da sorte japonês, vale tudo para ser original e se destacar na multidão.

Fundadora do bloco Mulheres Rodadas, Renata Rodrigues, de 42 anos, já tem uma coleção de fantasias em casa, todas encomendadas com exclusividade a estilistas. "O momento mais emocionante da minha vida é o cortejo, quando encontro comigo mesma e outras mulheres. Então a fantasia não pode ser 'mais ou menos'. Tem gente que gasta em carro, outras em bolsas de luxo, eu gasto em Carnaval. É onde gosto de investir", contou ela. No orçamento, cabem peças de R$ 500 até R$ 2 mil.

Laiziana Cristina, estandarte do bloco Mulheres Rodadas, produz sozinha suas fantasias com material do antigo ateliê da mãe - DIVULGAÇÃO

Entre os personagens usados por ela estão unicórnio, fênix e Eva. Neste Carnaval, a jornalista, que vai se arriscar com perna de pau, usará uma fantasia subjetiva. Renata escolheu dez palavras e o profissional desenhou uma roupa conceito, com direito a máscara e bota. A inspiração é da banda russa Pussy Riot. "Elas são consideradas criminosas, por isso usam máscara. É um jeito lúdico de refletir o autoritarismo no mundo", ponderou. "É a mais cara que já paguei, mas dou muito valor para a exclusividade. Não terá ninguém usando igual ou parecida", acrescentou.

Já a russa Olya Neroli, 32, transformou a paixão de se fantasiar em trabalho. "É lindo ver alguém vestindo uma fantasia que eu fiz. Na minha arte expresso alegria e criatividade", disse a turista, que se mudou para o Rio há apenas um ano e meio. "Me encantei pela cidade e pelo Carnaval. Só nasci no lugar errado".

Algumas de suas peças mais encomendadas são borboletas e sereias. Para uso próprio, entretanto, a estrangeira procura reaproveitar itens. "No último Carnaval usei material encontrado no lixo, quase não comprei nada", contou ela, que este ano quer se vestir de Manekineko, o gato amuleto da sorte no Japão.

Amante da folia desde criança, Alexandre Sattos, 39 anos, prepara todo ano cerca de seis fantasias, uma para cada dia de bloco. "Quando voltei a tocar em cortejos aumentaram as amizades, o engajamento, e migrei para essa proposta profissional nas fantasias", afirmou ele, que começa as encomendas na costureira em dezembro, e gasta de R$ 1,5 a R$ 2 mil no conjunto.

Publicitário Alexandre Sattos já se vestiu de Xuxa e Pabllo Vittar - REPRODUÇÃO

De artistas a memes

O publicitário se inspira em filmes, personagens clássicos e memes da internet para criar o vestuário do Carnaval. Em março, por exemplo, ele homenageará Jô Soares como Capitão Gay e Ney Matogrosso na época do grupo 'Secos e Molhados', além de fazer piada com a fala da ministra Damares Alves de que menina veste rosa e menino azul. "Não gosto de repetir. Já me vesti de Pabllo Vittar, Gemidão do WhatsApp, Xuxa e as Paquitas, e Marilyn Monroe em anos anteriores. Eu durmo fantasiado no dia anterior de ansiedade. A reação do público é a parte mais divertida", declarou Alexandre.

A produtora cultural Laiziana Cristina, 47, constrói suas fantasias em casa, reutilizando plumas e miçangas do ateliê que era de sua mãe. "Procuro gastar o mínimo possível. Colo pedrinha por pedrinha, tudo é customizado. Quando fica pronta é uma sensação de realização, como um filho. A fantasia é uma forma de expressão".

Fernanda abusa do colorido - Arquivo pessoal

Glitter é tendência além do Carnaval 

Item quase obrigatório para os foliões no Carnaval, o glitter ultrapassou a festa popular e se tornou moda entre os jovens, alcançando até desfiles de passarelas. A maquiadora Fernanda Suzz, de 30 anos, aproveita todas as oportunidades para abusar da purpurina. "Além de ter tudo a ver com o que sou, deixa as coisas mais alegres. Amo cores e brilho", contou ela, que passa glitter na maquiagem, no corpo misturado a um hidratante e até na raiz do cabelo. "São mil possibilidades".

O produtor de eventos Ronaldo Iavecchia, 25, também usa como maquiagem na balada. "Independente da sexualidade todo mundo tem que brilhar".

* Estagiária sob a supervisão de Angélica Fernandes

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