Antigos ocupantes prédio da Oi, no Engenho Novo, acampam em frente à Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. Eles reclamam atrasos no aluguel social - Severino Silva/Agência O Dia
Antigos ocupantes prédio da Oi, no Engenho Novo, acampam em frente à Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. Eles reclamam atrasos no aluguel socialSeverino Silva/Agência O Dia
Por ADRIANO ARAÚJO

Rio - Famílias que estão com o aluguel social atrasado acampam em frente à Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, desde a madrugada desta terça-feira. Eles, que ocupavam até 2014 o prédio da Oi, no Engenho Novo, alegam que há pelo menos dois meses o benefício vem sendo pago fora do prazo, e alguns foram despejados das casas que alugavam. O grupo promete ficar no local até a regularização do pagamento, já que a promessa anterior de depositar o valor de R$ 400 não foi cumprida.

Alguns beneficiários foram recebidos nesta manhã pelo secretário municipal de Infraestrutura e Habitação, Sebastião Bruno, quando foi feita a promessa de regularização dos pagamentos para quinta-feira. Entretanto, em nota, a Prefeitura disse que será esta semana, sem cravar um dia.

Lilian Aparecida é uma das que vem sofrendo com a falta do aluguel social, que usava para complementar com a renda que obtém como camelô. Ela alugava uma casa em Manguinhos, na Zona Norte, mas disse que a dona do local a despejou por falta de pagamento.

"Além de não termos moradia, estamos recebendo com atraso o auxílio aluguel. Está atrasando todo mês, desde o final do passado. Eu morava em Manguinhos, mas fui despejada porque a dona da casa disse que eu precisava pagar, mas não temos condições sem o benefício", disse Lilian Aparecida, que trabalhava como ambulante para complementar a renda, mas teve semana passava o triciclo que usava para vender bebidas apreendido pela Guarda Municipal na Uruguaiana, no Centro do Rio, pois não estava "regular"

Antigos ocupantes pr - Severino Silva/Ag

"Me deram um papel para pegar no depósito, mas quando cheguei lá não estava. Fui em outros, mas não achei. Procurei os guardas, que me mandaram fazer ocorrência na delegacia para reaver. Ficou por isso mesmo", lamentou.

O drama é o mesmo de Deila dos Santos, 49 anos, que vive no Jacarezinho. Ela diz que promessas de um imóvel próprio, através do "Minha Casa, Minha Vida", são cumpridas. Os bicos que faz ajuda a completar o valor de R$ 500 da casa que aluga na comunidade. Entretanto, o atraso provoca constrangimento e ser beneficiário do aluguel social já provoca constrangimento.

"Estamos pagando atrasado o aluguel e a dona da casa quer receber. O de dezembro só nos pagaram em janeiro, agora fevereiro está chegando e não pagaram este mês. Não querem mais alugar casa para a gente por conta do atraso no aluguel social. É muito constrangimento. Vou morar aqui, em frente à prefeitura", disse Deila dos Santos, 49 anos.

O valor do benefício deveria entrar no quinto dia útil, mas não tem acontecido pelo menos desde dezembro, quando foi pago somente em janeiro, segundo as famílias. "Agora prometem pagar só um mês para a gente, e fevereiro já vai chegar. O dono da casa onde moro vai falar o quê? Eu morava em Anchieta, mas agora morarei na prefeitura. Tenho um filho de três anos e não tenho para onde ir", diz Jociara Chaves, 29 anos, que trabalha de auxiliar de serviços gerais. Ela paga R$ 460 de aluguel onde mora em Anchieta.

Josué da Silva Castro morava em Manguinhos e trabalha, mas depende do aluguel social para complementar os seus rendimentos e ajudar na criação do filho de 1 ano e seis meses. Recentemente ele teve que entregar a casa onde morava e foi viver com a mãe no Jacarezinho, levando a mulher e a criança. "Faz muita falta esse dinheiro, tenho que pagar aluguel, luz, água, compras para a casa e fraldas do meu filho", diz.

Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (SMIH) disse que 173 famílias que viviam no prédio da Oi recebem o auxilio habitacional e todas elas estão inscritas no Programa Minha Casa, Minha Vida. "Para respeitar a territorialidade, a prefeitura está negociando com o Ministério do Desenvolvimento Regional um terreno na região".

A pasta informou que todos os moradores estão apenas "com o mês de janeiro em atraso por conta de repasse da prefeitura". "Os dois casos citados na reportagem, tiveram atrasos anteriores por conta de problemas na conta, não por qualquer problema da Prefeitura. Enviamos a remessa e houve devolução do banco. Nos demais 171 casos, o atraso é apenas de janeiro", diz a nota.

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