Em Marechal Hermes, Zona Norte, temperatura a tarde chegou a 41° - Armando Paiva
Em Marechal Hermes, Zona Norte, temperatura a tarde chegou a 41°Armando Paiva
Por *Caio Cardoso

Rui - Em 35 anos, o Rio não tinha um janeiro tão quente. A média deste mês já soma 37,4°, com sensação térmica de 46°, superando os 37,1° registrado em janeiro de 1984. Nos últimos 30 dias, a cidade colecionou quatro vezes a temperatura de 41 graus e ainda pode chegar a quinta hoje, pois a previsão é de 42 graus, batendo a máxima já registrada neste ano, que foi de 41,2° no dia 3 de janeiro.

O maçarico continua ligado, e forte, até sábado. Há previsão de chuva apenas para domingo e os termômetros devem estacionar na casa dos 35 graus, segundo o Alerta Rio.

"Todo este calor que está acontecendo é por conta de um sistema de alta pressão que inibe a formação de chuva e a entrada de frente fria na cidade", explicou a meteorologista do Alerta Rio, Juliana Hermsdorff. Segundo ela, o fenômeno El Niño, que provoca altas temperaturas, já não tem mais tanta influência na Região Sudeste. "A intensidade (do El Niño) está fraca, o sistema de alta pressão que está dando uma sequência de dias com bastante calor e temperaturas elevadas", completou.

De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Thiago Sousa, o ápice de calor em janeiro nos últimos tempos foi registrado em Bangu, há 35 anos, com média de 37,1°. "Mas as médias registradas hoje (ontem), em Santa Cruz, de 37,4° superaram". Segundo ele, o bloqueio atmosférico favorece a radiação de forma mais direta à superfície, contribuindo para a elevação dos termômetros. "Outro efeito do sistema (de alta pressão) é direcionar os ventos quentes do Norte/Noroeste para o Rio de Janeiro, o que agrava o calor", esclareceu Sousa.

E com os termômetros explodindo, a alternativa, para quem pode se refrescar, é passar o dia inteiro na água. E o point mais do que badalado na cidade para isso tem sido o Parque Radical de Deodoro, mais conhecido com Piscinão de Deodoro, reaberto há duas semanas. Só ontem, cerca de 2,7 mil pessoas estiveram por lá. No fim de semana, o número de visitantes chegou a 5 mil.

"O piscinão foi a melhor coisa que aconteceu, pois além de conseguir fugir do calor que está fazendo na cidade, eu consigo me reunir com os amigos. Costumo dizer que primeiro a gente faz uma caminhada de Ricardo de Albuquerque até aqui e depois vamos nos refrescar", contou a autônoma Deise Leal de Albuquerque, de 53 anos.

"Desde a reinauguração, eu venho todos os dias. Aqui a gente relaxa na piscina, come, bebe, é um ambiente bem tranquilo", disse a promotora de eventos Kátia Luzia de Araújo, intitulada como a musa do Parque Radical de Deodoro.

Lugar mais quente do Brasil

Além de abrigar recordes de calor, a cidade do Rio foi registrada como o lugar mais quente no Brasil na terça-feira, com 39,6º, segundo o Climatempo. Das 10 maiores temperaturas, cinco eram do estado do Rio.

A vice-campeã foi Seropédica, com 39,2º. Em terceiro lugar, ficou a cidade de Campo Bom, no Rio Grande do Sul, com 39,1º.

Até que a chuva chegue pra valer, prevista para domingo, o Rio pode ter pancadas isoladas durante o dia. Amanhã a máxima deve ser de 39°, com céu parcialmente nublado.

Se nos termômetros a temperatura está só em elevação, na pele, o impacto também é de calor excessivo. A sensação térmica tem sido em torno dos 45 graus. O vigilante e zelador Lélio de Lélis, 54, conta que o Parque Radical de Deodoro tem sido a salvação para aliviar o maçarico.

"Não tem como se refrescar de outro jeito sem ser vindo para cá. Podemos trazer nossas comidas, bebidas, enquanto curtimos a piscina e as crianças se divertem". Em parceria com o Sesc, a unidade oferece ainda atividades como capoeira, ginástica, mini basquete e jogos de mesa, como dama e xadrez.

*Estagiário sob supervisão de Angélica Fernandes

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