Rio - Entre os problemas de segurança apontados na represa de Juturnaíba, localizada no limite dos municípios de Araruama e Silva Jardim, um deles, caso confirmado, pode ser mais preocupante. Moradores dos arredores do reservatório de água afirmam que as comportas da represa estão emperradas. Para verificar as denúncias, o Ministério Público Federal (MPF) em São Pedro da Aldeia convocou uma visita técnica à área da represa para a próxima quinta-feira.
Maurício Ehrlich, professor de Engenharia Geotécnica da Coppe/UFRJ, diz que o problema é comum em represas com problemas de manutenção. “O que ocorre é a diferenciação de recalque” (desníveis provocados pelo afundamento desigual da estrutura). "Se há recalques desiguais, a comporta pode não abrir direito. Nesse caso, é necessário reposicionamento para que ela abra corretamente. Se não há manutenção, existe a possibilidade de as estruturas de concreto não se adequarem bem e, com isso, se deformarem", explica.
Representantes da Prolagos, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João e ambientalistas participarão da visita. O Procurador da República Leandro Mitidieri diz que “havendo fundada incerteza sobre a segurança da barragem, as medidas deverão ser tomadas, tudo com base no princípio da precaução”.
Juturnaíba é uma das duas barragens do Estado do Rio que o Inea classificou, em vistorias no ano passado, na Categoria de Risco Alto – a outra é a de Gericinó, entre Nilópolis e Mesquita.
A Agência Nacional de Águas, em seu último relatório sobre segurança de barragens, alertou para a necessidade de os órgãos fiscalizadores estabelecerem parcerias para melhorar o monitoramento das instalações, diante da escassez de pessoal “com atores como Defesa Civil, serviço geológico, Polícia Militar, incluindo conscientização e divulgação sobre a temática”.
O Estado do Rio tem 29 reservatórios com potencial de causar danos, em maior um menor grau, segundo o Inea, órgão fiscalizados a nível estadual. A Agência Nacional de Águas, por sua vez, classificou seis instalações como tendo alto potencial de causar danos – o que não significa que elas estejam sob risco alto, mas sim que, em caso de um acidente, as consequências seriam graves – Saracuruna (Duque de Caxias),São Pedro da Aldeia, Teresópolis, Miguel Pereira, Gericinó e Petrópolis.