Passageiros na Praça Edmundo Rego: espera grande por ônibus que estão atendendo da falida Estrela Azul - Estefan Radoviz / Agência O Dia
Passageiros na Praça Edmundo Rego: espera grande por ônibus que estão atendendo da falida Estrela AzulEstefan Radoviz / Agência O Dia
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento

Rio - Na última segunda-feira, a Viação Estrela Azul, responsável por linhas que ligam as zonas Norte e Sul do Rio, decretou falência. Apesar do plano emergencial da Rio Ônibus para atender cerca de 1,5 milhão de passageiros que usam mensalmente os ônibus da empresa, dois dias depois os usuários ainda sofrem com a demora do transporte que, quando chegam aos pontos, estão em péssimas condições e sem ar-condicionado.

No Grajaú, bairro onde morava o governador do Rio e de onde saem ao menos duas linhas da falida Estrela Azul — 434 (Grajaú-Botafogo) e 435 (Grajaú-Gávea), o assunto é a demora dos ônibus, que são das empresas Tijuca, Braso Lisboa e Giro Transportes, responsáveis pelo plano emergencial de contingenciamento. O DIA percorreu dois pontos finais no bairro e viu muita gente esperando por um ônibus.

A acompanhante Maria Aparecida da Silva, de 55 anos, esperou por mais de uma hora o 434 na Praça Edmundo Rêgo, assim como outras cerca de 10 pessoas. Ela, que mora em Nova Iguaçu, acabou desistindo e pegando outra linha para ir até São Cristóvão. "Estou desde 8h35 andando para lá e para cá para saber se o ônibus viria ou não. Não tem ninguém para falar com a gente, estou perdida e não sei como faço para voltar para casa", disse, antes de embarcar no veículo da linha 226 (Grajaú-Carioca).

Maria Aparecida ficou mais de uma hora esperando o 434 para seguir até São Cristóvão, mas acabou desistindo e pegando outro ônibus - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Quem chegou por volta das 7h na praça esperou por mais de duas horas o 434 no ponto final. Quando o veículo chegou, às 9h20, ele estava caindo aos pedaços, sem letreiro, com a indicação da linha anotada em um pedaço de papel. 

"Os ônibus da Estrela Azul sempre foram quentões, nunca tiveram ar-condicionado, caindo aos pedaços, com baratas. Agora a empresa fecha as portas e não temos informações de ninguém. O consórcio disse que vai colocar ônibus para suprir a empresa, mas nada ainda. As autoridades falam que 60% da frota está com ar. Quais são esses ônibus, que a gente não vê? Nenhum ônibus da 434 tinha ar", queixa-se o técnico em mecânica Claudio Coutinho, 50 anos, que ia para a Zona Sul da cidade e acabou pegando o veículo em péssimas condições. 

Claudio Coutinho esperou bastante por um ônibus no Grajaú para pegar o 434 para a Zona Sul do Rio - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Segundo a técnica em enfermagem Ana Paula Ferreira, 33 anos, os problemas nos ônibus da Estrela Azul são antigos. "Sempre foi precário, não tem ar-condicionado, isso quando eles não quebram na metade do caminho. 'Olha esse ônibus, tem condições de alguém andar nesse ônibus? Tem condições de uma empresa colocar isso para rodas?'", criticou. 

Na praça Malvino Reis, onde fica o ponto final do 435, havia três ônibus parados e muitos passageiros reclamando da demora de pelo menos 40 minutos. Entretanto, quando a reportagem chegou ao local, um veículo finalmente saiu. Os ônibus que estavam no local são das empresas que participam do plano emergencial de contingência anunciado pela Rio Ônibus, que representa os consórcios. 

A empresa Estrela Azul existia desde 1958 e era responsável pelos troncais 2 e 8, e as linhas 434, 435, 464, 503, 292 e 311, atendendo quase 1,5 milhão de passageiros por mês em uma área de aproximadamente 700 quilômetros, entre Centro, Zona Norte e Zona Sul. Ela foi a 14ª empresa a fechar as portas na cidade do Rio de Janeiro, desde 2015.

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