Leandro Siqueira de Assis, o Leandro Cabeção ou Gargalhone, miliciano que comanda um grupo paramilitar na Gardênia Azul  - Divulgação / Polícia Civil
Leandro Siqueira de Assis, o Leandro Cabeção ou Gargalhone, miliciano que comanda um grupo paramilitar na Gardênia Azul Divulgação / Polícia Civil
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva do miliciano Leandro Siqueira de Assis, o Leandro Cabeção ou Gargalhone, acusado de matar Raphael Henrique Cavalcante dos Santos, em março de 2014, na Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Na época, Raphael, que tinha 18 anos, foi morto por não aceitar as ordens do grupo paramilitar no bairro onde morava. A informação está no relatório da Delegacia de Descoberta de Paredeiros (DDPPA) entregue ao Judiciário.

Até hoje, o corpo do rapaz não foi encontrado. Assis é tido, pela Polícia Civil, como o chefe da milícia de Gardênia Azul. Ele assumiu o comando do grupo paralimitar da região após o ex-PM e ex-vereador Cristino Girão Matias ser preso em 2015.

Segundo o documento, que o DIA teve acesso, Raphael estava em uma lanchonete com um amigo quando foi abordado por quatro homens que o agrediram com madeiradas e o colocarem dentro de um carro. De acordo com depoimentos de testemunhas, um grupo de milicianos teria colocado uma arma na boca do rapaz e atirado. O crime foi na frente de um amigo da vítima.

Raphael Henrique Cavalcante dos Santos assassinado em 2014 - Arquivo Pessoal

Motivação

Para investigadores da DDPA, a motivação da morte seria uma rixa entre Raphael e a milícia local, o que teria surgido quando ele ainda era menor de idade.

Em 2012, aos 16 anos, a vítima foi apreendida acusada de roubar computadores de uma Clínica da Família da região. Entretanto, nada foi provado contra o rapaz.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, Raphael era um rapaz de temperamento forte e volta e meia estava envolvido em brigas e discussões no bairro. Isso estaria dele homem.

Mesmo preso, miliciano ainda extorque moradores

De acordo com a delegada Ellen Souto, titular da DDPA, Gilberto é o "elemento fixo dos milicianos que domina a Gardênia Azul e Raphael é só mais uma vítima — dentre as diversas — que atravessou o caminho dele e de seu grupo". "Qualquer pessoa que entre no caminho de seus interesses morrem e, na maioria das vezes, tem seu corpo ocultado. Eles não dão nem o direito dos familiares de enterram seus entes queridos. Esse foi o caso do Raphael", conta Ellen.

Leandro Cabeção ou Gargalhone foi preso no ano passado por policiais da 32ª DP (Taquara). Os investigadores fizeram uma operação para encontrar o miliciano que estava com um mandado de prisão pendente por homicídio. No dia da prisão, ele estava com R$ 40 mil e um carro de luxo. O miliciano também é apontado como o responsável pelo assassinato do PM Renato Alves da Cruz Conceição. O crime aconteceu no mesmo bairro, em janeiro de 2017.

Segundo investigações, mesmo dentro da Cadeia Pública Bandeira Stampa (Bangu 9), no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Leandro continua mandando e desmandando na Zona Oeste. O miliciano exige que comerciantes pagem cerca de R$ 120 por semana com a desculpa de "prestação de serviço de segurança".

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