Policiais estiveram nos morros da Coroa, Fallet e Prazeres, na Região Central, na última sexta-feira - Marcio Mercante / Agência O Dia
Policiais estiveram nos morros da Coroa, Fallet e Prazeres, na Região Central, na última sexta-feiraMarcio Mercante / Agência O Dia
Por O Dia

Rio - O Ministério Público do Estado (MPRJ) apura a operação policial, na última sexta-feira, nos morros da Coroa, Fallet e Prazeres, em Santa Teresa e no Catumbi, na Região Central da cidade. A Polícia Militar confirma 13 mortos e moradores dizem que outros dois corpos foram encontrados neste domingo.

De acordo com o órgão, o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) vai ouvir ainda nesta semana os comandantes dos batalhões de Choque e do Bope, que participaram da ação. O MP informou que o caso está sob responsabilidade da 23ª Promotoria de Investigação Penal, que está sendo auxiliada pelo Gaesp. O grupo vem recebendo informações, desde sexta-feira, que irão ajudar na investigação sobre a ação da PM.

Segundo a Secretária Municipal de Saúde, treze homens deram entrada já mortos no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Imagens e vídeos enviados para o WhatsApp do DIA (98762-8248) mostram policiais colocando corpos na caçamba da viatura. 

O objetivo da operação seria a disputa de facções pelo tráfico local. Na sexta-feira, a corporação informou, que a partir de denúncias e informações do Setor de Inteligência, foi feito vasculhamento em alguns pontos da comunidade do Fallet e policiais do BPChq haviam sido recebidos a tiros, o que teria causado confronto.

"Após cessarem os disparos, dez criminosos feridos foram encontrados em vias da comunidade e foram socorridos para o Hospital Municipal Souza Aguiar (HMSA)", disse a PM na ocasião.

A versão é contestada por moradores. Eles alegam que cerca de 10 pessoas foram rendidas pela PM em uma casa e, mesmo após se entregar, parte delas teria sido morta pelos agentes. Uma prima de Robson da Silva Pereira, um dos mortos na casa, disse que os PMs não aceitaram a rendição e entraram no imóvel já atirando. "A gente pediu para não fazerem isso, mas os policiais não atenderam. Eles entraram na casa e mataram os rapazes, inclusive meu primo, que não tinha envolvimento com o tráfico".

A Delegacia de Homicídios (DH) ouviu os policiais envolvidos na operação e recolheu as armas para perícia. A especializada agora escuta testemunhas e familiares, além de aguardar o resultado dos laudos periciais.

A Defensoria Pública do Estado informou que irá ao Morro do Fallet nesta terça-feira para investigar as denúncias dos moradores. Em entrevista ao Bom Dia RJ, da TV Globo, o ouvidor-geral da Defensoria, Pedro Strozemberg contou que a entidade recebeu várias denúncias semelhantes e quer ouvir melhor os moradores.

“A descrição dos moradores é de que houve uma incursão da polícia em meio a uma guerra do tráfico. Nove já tinham pedido rendição e foram mortos”, declarou. “As ações da polícia precisam seguir a lei”, completou.

Os representantes da Defensoria se encontrarão com parentes das vítimas e testemunhas da ação da PM. De acordo com Strozenberg, “na casa estariam 20 rapazes, sendo que nove morreram e 11 conseguiram fugir, mas foram pegos depois do lado de fora. A polícia diz que houve troca de tiros, e os criminosos reagiram e ocorreram as mortes. Nós vamos lá tomar conhecimento se seria evitável esse número de mortos”.

Os moradores encontraram neste domingo na mata, mortos a tiros, os corpos de Matheus Lima Diniz, de 22 anos, e Michel da Conceição de Souza, de 20, aumentado para 15 o número de mortos na ação. Eles disseram que os dois rapazes foram presos na sexta-feira e estavam desaparecidos. 

No sábado, a Anistia divulgou uma nota cobrando a apuração imediata do caso.

*Com informações da Agência Brasil 

 

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