Rio - Uma semana após o incêndio no alojamento das categorias de base do Ninho do Urubu que resultou na morte de dez garotos, o Ministério Público do Rio de Janeiro apresentou o relatório da vistoria realizada na terça-feira no local e afirmou que, na reunião, a Prefeitura reforçou que o centro de treinamento do clube rubro-negro está interditado. A ordem de interdição da Prefeitura do Rio é de outubro de 2017. Na coletiva após o encontro, um representante do Flamengo respondeu pela primeira vez aos jornalistas, mas o vice-presidente jurídico do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches se irritou com as perguntas e se retirou.
"Indagamos a Prefeitura por mais de uma vez durante a reunião e a Prefeitura insiste em dizer que o Ninho do Urubu está interditado", afirmou a promotora de Justiça do MP-RJ Ana Cristina Huth Macedo, informando que o trâmite é que o caso seja encaminhado ao promotor de Urbanismo, para tomar as medidas cabíveis.
Em nota, a assessoria da Prefeitura informou: "A intervenção de outubro/17 continua em vigor. Não há nova intervenção por parte da Prefeitura".
A entrevista de Rodrigo Dunshee de Abranches, vice-jurídico do Flamengo, não durou muito tempo. "A reunião aqui foi excelente. Algumas medidas foram solicitadas. O Flamengo está voltando todo seu empenho nessas questões administrativas. E a gente entende que em um curto prazo tudo estará resolvido", afirmou ele.
Ele ainda destacou que assumiu o cargo neste ano: "Quero esclarecer antes de mais nada que eu sou vice-presidente jurídico do Flamengo há 30 dias antes desse lamentável acidente. Estamos tomando conhecimento de um ato administrativo, vai sentar para deliberar o que fazer ou não. A alçada de deliberação desses assuntos é o conselho diretor, formado por 16 vice-presidentes e o presidente, isso vai acontecer na segunda-feira. Eu não posso falar da gestão passada, mas posso garantir que o Flamengo tem interesse em atender sempre qualquer requisição das autoridades. A gente está tomando conhecimento principal dessa questão agora, acho que não seria justo exigir dessa gestão já a deliberação imediata de todas as questões".
E, ao ser questionado por que o CT não foi interditado em 2017 desde a ordem da Prefeitura, ele respondeu: "Uma decisão administrativa cabe recurso. Se eu quiser recorrer, eu vou recorrer. Estou no prazo para fazer certas coisas. Só acho que essa questão de licença é colateral. O que a gente tem de importante, o risco hoje em dia... Nós temos campos de futebol que não oferecem risco a ninguém. Então assim, as crianças não podem ir lá. Realmente está precisando melhorar muitas coisas, eu entendo".