Secretário de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues -  Estefan Radovicz
Secretário de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues Estefan Radovicz
Por MARIA LUISA MELO

Rio - À frente da Secretaria de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues quer oferecer cursos técnicos mais próximos da necessidade do mercado e, para tanto, está revendo a grade oferecida pela Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica). Com seis unidades fechadas, Rodrigues promete reabrir todas elas durante sua gestão. E anuncia que a da Vila Kennedy terá ensino misto — regular e técnico.

O secretário também pretende oferecer novos cursos profissionalizantes, como o de manutenção e instalação de placas fotovoltaicas (painéis que convertem energia solar em elétrica). A pasta pretende ainda a criação de uma escola na Cidade do Samba, voltada para profissionalização na área do Carnaval. 

O DIA: Neste início de governo, a população tem grande expectativa de que seis unidades da Faetec, já construídas, sejam inauguradas. As escolas técnicas, localizadas na Vila Kennedy, Campo Grande, Guapimirim, Belford Roxo, Piraí e Mangaratiba vão, finalmente, abrir as portas e oferecer ensino técnico à população ou continuarão fechadas?

Leonardo: A unidade construída na Vila Kennedy (Zona Oeste da cidade) é estruturada, bem grande. Mas, recentemente, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) identificou a necessidade de novas escolas de ensino regular naquela região. O secretário de educação, Pedro Fernandes, me solicitou a unidade. Então, será aberta como escola. Mas vamos começar ali com o ensino regular.

Em função da carência de escolas naquela região, entendemos que ceder a unidade à Seeduc será bom para a população. Mas não está extinta a possibilidade de fazermos um trabalho misto ali. Depois que a Seeduc estruturar o que for necessário para atender seus alunos, implantaremos um ensino técnico ali. Será uma unidade mista para atender a região.

Ainda vamos definir quais cursos poderão ser oferecidos, mas há a possibilidade de ser algo voltado para Tecnologia da Informação. Não será mais um elefante branco.

Quantos alunos serão atendidos? Foi necessária mais alguma obra de infraestrutura? E qual a previsão para a unidade oferecer também o ensino técnico?

A princípio, serão 300 vagas para o ensino regular, que passarão a ser oferecidas no segundo semestre. As obras na unidade já começaram. O ensino técnico só virá depois que o ensino regular já estiver funcionando. Mas pode ser que isto ocorra no segundo semestre também.

Qual é o grande entrave para reabrir as outras cinco unidades que, apesar de prontas, não oferecem vagas à população?

Cada unidade que está fechada tem um problema específico. O fato é que a falta de recursos humanos também tem um impacto. Quando assumimos o governo, a Faetec tinha uma decisão judicial de 2017 que impedia contratações temporárias. Foram demitidos 1.270 profissionais. Fizemos um estudo da real necessidade de professores e descobrimos que precisamos de 630 profissionais. Entramos com recurso no STF, pedi ajuda ao governador, porque ele era juiz. Ele se debruçou no processo, com o auxílio do procurador-geral do Estado, Marcelo Lopes. Ingressamos com uma ação no Tribunal de Justiça e conseguimos uma liminar, esta semana, para contratarmos 637 profissionais de forma temporária. 

Então, a falta de profissionais, um dos grandes problemas da rede, será sanado?

Esses 637 profissionais serão para o ensino técnico. Mas conseguiremos outros. O Regime de Recuperação Fiscal nos impede de fazer novos concursos, exceto em casos de vacância (profissionais que saem da ativa por conta de morte, aposentadoria ou exoneração). O governador Witzel assumiu o compromisso de pegar toda a vacância de profissionais desde setembro de 2017 (quando o Rio de Janeiro ingressou no Regime de Recuperação Fiscal) e abrirmos um concurso. Chegamos a 257 postos. Portanto, vamos abrir um concurso para professores da rede. Vai acontecer ainda este ano. Vamos definir os prazos a partir do dia 8.

Isso vai possibilitar a reabertura das unidades fechadas?

Cada região tem uma especificidade. Em Mangaratiba há um problema de energia elétrica. Estamos fazendo acordo com eles. Já estive com o prefeito Alan Bombeiro e vamos reativar a unidade. O que estamos fazendo agora é uma mudança de conceito na montagem da grade curricular da Faetec. No passado, montávamos a grade conforme a vocação da região. Agora estamos consultando o mercado. Nós fomos a Teresópolis e combinamos com o prefeito de lá que ele vai fazer um levantamento junto aos empresários da cidade para conhecer a real demanda do município. Estamos fazendo isso com cada região. 

Existe alguma novidade entre os cursos oferecidos pela Faetec este ano?

Temos uma proposta de oferecer um curso voltado para a profissionalização na área de Carnaval. Será uma escola técnica voltada para o samba. Nosso projeto prevê a instalação de uma unidade na Cidade do Samba para atender aqueles que quiserem aprender a ser aderecistas, ritmistas... Temos uma reunião esta semana com o presidente da Liesa, o Jorge Castanheira. O carnaval é uma indústria durante todo o ano todo e o Rio precisa aproveitar ainda mais. Será um projeto muito importante não só pela qualificação de mão de obra, como também pela sua inclusão.

Além disso, algo mais voltado para alguma outra área, com demanda mais recente do mercado?

Estamos em contato com empresas fabricantes de placas fotovoltaicas. A ideia é fazer curso técnico para manutenção e instalação. Temos cerca de seis mil profissionais instaladores de placas fotovoltaicas, mas nenhum deles com certificação. Estamos tentando que uma empresa instale todo o sistema fotovoltaico na Faetec de Quintino, nossa maior unidade. Ali, formaremos nossos alunos. Já me reuni com duas empresas (estrangeiras) do ramo.

A secretaria vai apoiar para que tenhamos pelo menos os laboratórios montados pela Faperj. No sistema fotovoltaico é possível produzir sua própria energia, armazená -la e vender sua sobra. No Japão, ninguém mais paga energia elétrica. Precisamos acompanhar o que se faz no restante do mundo.

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