Além do sushi, barraca no posto 12 oferece bebidas elaboradas aos clientes  - Marcio Mercante / Agência O Dia
Além do sushi, barraca no posto 12 oferece bebidas elaboradas aos clientes Marcio Mercante / Agência O Dia
Por Lucas Cardoso

Um homem carrega uma travessa com comida japonesa e serve duas clientes. Ao contrário do que possa parecer, o cenário não é um restaurante oriental. Elas estão de biquíni e aproveitam o sol, sentadas na beira de uma praia da Zona Sul do Rio. Esse tipo de atendimento VIP virou tendência nas areias cariocas.

A iniciativa é do barraqueiro Carlos Nogueira, que atende os seus clientes próximo ao posto 12, no Leblon. Ele desenvolveu uma parceria com um restaurante que fica nas imediações para atrair a clientela. Mas esse não é o único diferencial no atendimento por ali. Carlos também mantém um sistema de identificação e registro dos clientes. Segundo o Sebrae, apenas 13% dos mais de 2 mil empreendedores das praias cadastrados pela prefeitura que trabalham na orla possuem esse tipo de sistema. De acordo com o barraqueiro, o objetivo principal é conhecer quem compra e está disposto a pagar pelo serviço. "Entendemos que o cliente procura o atendimento que foge do tradicional", comenta.

Foi isso, aliás, que atraiu as turistas citadas no começo da reportagem, que vieram do Rio Grande do Sul para passar o período de Carnaval na cidade. "Ele também nos oferece bebidas que não são comuns na praia. Vinho branco, por exemplo, só conseguimos tomar na barraca dele. Também é excelente ter opções que nos livram dos lanches, biscoitos e coisas menos saudáveis vendidas nas praias", observa a designer de joias Patrícia Mayer, de 31 anos, que estava na praia com a prima Carolina.

Além das refeições entregues na areia, a barraca do Carlos também conta com atendimento em quatro línguas (inglês, espanhol, alemão e francês), máquina registradora, chuveiro elétrico e mangueira de irrigação, que ameniza o calor das areias no caminho do calçadão até a barraca. "Nossa missão é oferecer ao cliente tudo que ele encontraria sendo atendido por um amigo", conta Maria Vanda, mãe e parceira de negócios do Carlos.

Cadeiras diferenciadas

Em Copacabana, a barraqueira Soraya investiu em vários tipos de cadeiras. A mais tradicional tem um encosto maior para dar mais conforto. A espreguiçadeira é ideal para quem quer mais espaço para relaxa. E a extra large é voltada para pessoas com sobrepeso. A barraca também oferece para seus clientes canudos biodegradáveis e kits com o utensílio metálico, com um par de canudos, limpador e estojo. "Fazemos de tudo pela praia, já que é ela que garante nosso sustento", afirma a empreendedora.

 

Vendedor usa caixa de som presa ao seu pescoço para divulgar seu trabalho nas areias de Ipanema - Arquivo pessoal

Voz de GPS na praia

O vendedor de mate Paulo Roberto Viana, 25 anos, também conhecido pelos frequentadores da praia como ‘Paulo Bigode’, investiu no atendimento para atrair mais clientes. Ele, que costuma rodar entre os postos 9 e 10 em Ipanema, usa um sistema de som com a voz de aplicativos como Google Maps e Waze para fugir do tradicional na hora de vender o mate. “A concorrência pelo cliente é ferrenha. Então, o jeito que encontrei para chamar os clientes foi esse de fazer piadas com essa voz. Já usava essa tática para brincar com amigos e resolvi aproveitar isso para o marketing do meu produto”, revela.

Morador de Anchieta, na Zona Norte, Paulo usa o trabalho na praia para complementar a renda do seu emprego formal como técnico de mecânica. “Desde setembro que tenho essa rotina dupla. De madrugada trabalho no caís do porto e depois venho para a praia”, conta o vendedora ambulante, que também tem sido chamado vender mate em eventos.