Caminheiros e ciclistas já testam trechos, alguns integrados à outra rota, Caminhos de Nossa Senhora - Fotos: www.caminhosdenossasenhora.com
Caminheiros e ciclistas já testam trechos, alguns integrados à outra rota, Caminhos de Nossa SenhoraFotos: www.caminhosdenossasenhora.com
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Um dos projetos de turismo religioso mais ousados do Brasil está, literalmente, a caminho. Trata-se de uma super rota de peregrinação, intitulada 'Caminhos para Cristo', que terá um percurso de 585 quilômetros, ligando o Cristo Redentor, na capital fluminense, ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), com trilhas rústicas cortando 21 municípios. Fruto de parceria entre representantes da fé Católica e políticos dos estados do Rio e São Paulo, a ideia partiu do padre polonês e ciclista profissional, Cristóvão Sopicki, pároco da Igreja Divina Misericórdia, em Vila Valqueire, na Zona Norte.

"Passei 10 anos sonhando em concretizar esse sonho", confessa Cristóvão, ressaltando que, embora vários trechos já venham sendo testados por caminheiros desde 2018, a primeira peregrinação oficial será de bicicleta, saindo da Basílica de Nossa Senhora no dia 6 de abril, com previsão de chegada ao Corcovado no dia 13. Na ocasião, o arcebispo do Rio, cardeal dom Orani João Tempesta, celebrará missa.

Ambicioso, o sacerdote já vislumbra, em breve, a integração de circuito, que tem apoio da Arquidiocese do Rio, Secretaria de Turismo do estado, municípios envolvidos e Santuário de Aparecida, no roteiro internacional da fé. Ele destaca que o trajeto poderá ser feito também a pé, a cavalo ou até de moto — embora a organização das caravanas não recomende a última opção —, e partindo do sentido contrário também, do Rio para Aparecida. Pelos cálculos dos responsáveis pelos grupos, a jornada levará cerca de 16 dias para ser cumprida a pé e pelo menos sete, de bicicleta.

Padre Cristóvão ressalta, entretanto, que os romeiros poderão cumprir o circuito em até três etapas, no prazo de um ano, com direito a certificado especial. "Mas todos terão que adquirir passaportes, que serão carimbados em pontos específicos, ao longo das 21 cidades, comprovando que o devoto cruzou o itinerário na íntegra", detalha.

Para evitar possíveis acidentes, a jornada, que terá missas campais, em capelas ou igrejas localizadas ao longo dos municípios parceiros (veja quais no infográfico), evitará margens de rodovias movimentadas, como a Via Dutra, passando pelas zonas rurais.

Informações sobre como ter acesso a passaportes para as trilhas podem ser obtidas pelo telefone (21) 2453-3684 ou pelo site caminhosdenossasenhora.com. O caminho terá ainda, em Petrópolis, o Museu da Bicicleta, que vai expor bikes usadas em peregrinações de diferentes partes do mundo.

Pacotes com carro, comida e até hotéis

Qualquer pessoa po derá fazer a peregrinação, em qualquer época do ano, de graça, desde que em grupos pré-agendados. Pacotes, que poderão variar até mais de R$ 1 mil por pessoa (para oito dias) estão sendo estudados e darão direito a veículos de apoio, como jeeps e vans, além de guias turísticos, alimentação, estadias em hotéis e pousadas, e até seguro-saúde.

"Mas todos deverão ter consciência de suas condições de saúde", adverte padre Cristóvão. Ele enumera algumas atrações do caminho: museus, cachoeiras, fazendas históricas do Ciclo do Café, mirantes, missas em igrejas, capelas e campais. A nova rota passará por alguns lugares já incorporados a outros trajetos existentes, no chamado ‘Caminhos de Nossa Senhora’, que liga trechos entre o Santuário da Divina Misericórdia, na Zona Oeste do Rio, à Aparecida.

Expectativa de emprego e renda na nota

O engenheiro mecânico José Moreira, de 42 anos, de Valença, no Sul Fluminense, está empolgado. "Vou aproveitar para pagar uma promessa de emprego", revela. "Eu e mais um grupo de dez mulheres da Penha, no Rio) faremos a rota. Estamos animadas", garante a costureira Eugênia Silva, 37.

"Assim como no famoso Caminho de Santiago de Compostela (rota secular de peregrinação na Espanha), a expectativa é gerar emprego e renda para moradores dos 21 municípios, com a venda de artesanatos, alimentos, lembrancinhas, hospedagens, artes sacras entre outros produtos", diz o vereador barra mansense Daniel Volpe Maciel (PPS), de 23 anos, um dos entusiastas do projeto.

O secretário de estado de Turismo do Rio, Otávio Leite, já disse em entrevistas recentes que também aposta na nova rota como fonte de mão de obra. E também interiorização de parte dos 3 milhões de pessoas que anualmente já visitam os principais pontos turísticos fluminenses.

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