Recepcionista há 20 anos, Luiz Bezerra conta que nunca viveu um período de crise tão grave e duradouro como nos últimos tempos - fotos Luciano Belford
Recepcionista há 20 anos, Luiz Bezerra conta que nunca viveu um período de crise tão grave e duradouro como nos últimos temposfotos Luciano Belford
Por *Luana Dandara

Horas antes do Dia dos Namorados, as 42 suítes do Novo Hotel estavam vazias. Localizado na Avenida Niemeyer, o motel sofre com a ausência de clientes há 15 dias, desde a nova interdição da via pela Justiça, e corre o risco até de fechar. A situação não é diferente nos outros três estabelecimentos da via, que na principal data comercial para o setor lidam com instabilidade em relação ao movimento.

No Shalimar Hotel, o dono Antonio Cerqueira, de 74 anos, prevê queda de 50% na ocupação. "No ano passado, a semana do Dia dos Namorados teve um bom número de quartos ocupados. Agora, estamos com a estimativa de queda, o que vai nos prejudicar ainda mais financeiramente", reclamou. Para atrair consumidores, o motel está com promoções de bebidas e comidas. O combo com dois espumantes, por exemplo, sai por R$ 190. Já os quartos têm valores a partir de R$ 75.

O empreendimento também aposta na reserva de suítes pelas redes sociais. "As barreiras na entrada da via inibem os clientes, muita gente fica na dúvida se pode passar. Mas a CET-Rio está liberando para frequentadores dos motéis. Estamos trabalhando até com campanha na internet para avisar da liberação", afirmou o gerente do Shalimar, David Pereira. Oficialmente, entretanto, a CET-Rio negou a informação e reforçou que só moradores podem transitar na área.

Um casal que não quis se identificar revelou que entrou sem dificuldades na Niemeyer para comemorar a data romântica antecipadamente em um motel da via. "Moramos em Copacabana, ficamos em dúvida por conta do fechamento e resolvemos ir para Botafogo. Mas o taxista nos avisou que o motel estava funcionando normalmente e viemos", confessou a dupla.

'PIOR CRISE QUE JÁ VI'

Recepcionista do Novo Hotel há 20 anos, Luiz Bezerra, 70, disse que nunca viu uma crise parecida na queda de clientes. "Estamos pra fechar, o movimento caiu 80%. Chega meia-noite e a gente desliga as luzes para fazer economia", revela. "Quem está pagando pela briga entre o Ministério Público e a prefeita somos nós, comerciantes, trabalhadores. Antes, tínhamos fila nessa data", acrescentou a gerente, Márcia Costa. Os valores dos quartos variam a partir de R$ 69.

EXPECTATIVA DO SETOR

Segundo a Associação Brasileira de Motéis, a expectativa é que, no Rio, o faturamento aumente entre 25% a 30% durante o Dia dos Namorados. Já o SindHotéis calcula que a data deve incrementar em até 40% o movimento dos restaurantes de hotel e até 20% as reservas de pernoite. O sindicato preparou promoções especiais em www.sindhoteisrj.com.br/diadosnamorados19/.

 

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