Rio de Janeiro 12/06/2019 - Preparativo para o dia de Santo Antonio, no Convento de Santo Antonio. Na foto acima Gerson Mandarino e Maria Annita Mandarino (neto e avó). Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro 12/06/2019 - Preparativo para o dia de Santo Antonio, no Convento de Santo Antonio. Na foto acima Gerson Mandarino e Maria Annita Mandarino (neto e avó). Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Vamos combinar com Santo Antônio: amor e emprego dão o macht (encontro) mais que perfeito dos pedidos nestes tempos áridos. Afinal, quem quer se casar precisa, primeiro, de estabilidade. Entre os 30 mil fiés que hoje vão subir a escadaria do convento no Largo da Carioca, muitos não estão em busca do crush (paquera), mas sim pela vaga de emprego. "O amor fica em segundo lugar. As pessoas estão mesmo é pedindo por trabalho, pagamento de dívidas e prosperidade", afirmou Frei Roger, que trabalha na igreja desde 2015.

As irmãs Ismalia Ferreira, de 60 anos, e Luiza Demarilac, 59, se adiantaram e foram rezar pelo emprego para os filhos. "Há 20 anos somos devotas. Padroeiro de Portugal, ele é o santo da prosperidade. Se Deus quiser, ano que vem volto para agradecer pelo trabalho deles", contou Ismalia, que é enfermeira. Tanto sua filha, formada em psicologia, como o filho, engenheiro eletrônico, estão fora do mercado desde o ano passado. O sobrinho, por sua vez, trabalha sem carteira assinada.

Já Abineu Barbosa, de 56 anos, não deixa de ir um dia à igreja do santo português. Desempregado há quatro anos, mora nas ruas do Centro do Rio há dois. "Sempre fui devoto e todo dia venho rezar. Preciso ter fé que vai melhorar". Abineu faz serviços de eletricista e hidráulico para conseguir visitar a família periodicamente, em Teresópolis.

"As pessoas vêm para pedir coisas normais, como ter pão na mesa, casar, ter emprego. Mas mesmo pedindo para Santo Antônio é importante ter ação. Não se consegue emprego ou marido ficando dentro de casa. Tem que bater nas portas, entregar os currículos. No caso do casamento, sair para a praia, sair para conhecer pessoas", aconselhou o experiente Frei Neylor, de 81 anos.

Na igreja, também estão espalhadas mais de dez barraquinhas que vendem itens religiosos e comidas típicas juninas. Na Boutique Santo Antônio, devem ser vendidas 4.500 garrafas de água benta até o fim da semana. Os preços variam de R$ 1 até R$ 5. "O movimento de público no Dia dos Namorados já foi maior do que o ano passado", sinalizou Gerson Mandarino, 27 anos, que gerencia o empreendimento familiar, iniciado com a avó Maria Annita Mandarino, 78.

A encomenda do pãozinho do santo, vendidos por R$ 0,50, foi de 400 kg. É o suficiente para não faltar fartura para ninguém. "O pão tem que ser colocado dentro dos mantimentos, como arroz e feijão, para não faltar comida em casa. A água benta pode ser jogada nos cantos da casa, para abençoar os objetos, além de benzer o corpo", indicou Gerson.

A cerimonialista Fátima Rodrigues, 48 anos, trabalha como voluntária nas barraquinhas desde 2008. Ela vende corações de chocolate para casais apaixonados e para quem quer atrair o amor. "Venho desde criança nessa igreja. Santo Antônio é maravilhoso, muito milagroso", disse a devota.

*Estagiária sob supervisão de Clarissa Monteagudo 

 

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