A estreante Cristiane Alves Silva: chegada em primeiro lugar - Ricardo Cassiano
A estreante Cristiane Alves Silva: chegada em primeiro lugarRicardo Cassiano
Por RENAN SCHUINDT
Rio - Não é só no futebol que as mulheres adotaram a maquiagem na hora de competir. Em sua 18ª edição, a Maratona do Rio 2019 foi regada à muita sombra e batom. Superando cada vez mais o número de homens nas pistas, as brasileiras esbanjaram preparo físico e beleza para correr os 42 quilômetros da prova, que ganhou um novo trajeto após a interdição da Avenida Niemeyer. A prova foi marcada pela quebra de jejum. Após 10 anos, uma brasileira venceu a maratona. Na categoria masculina, o resultado não poderia ser melhor. Após cinco anos desde a última vitória, um brasileiro voltou a subir no topo do pódio. No total, 40 mil pessoas participaram da corrida.
Roselaine Souza Ramos Benites chegou em 3º lugar. Há 11 anos atleta é adepta à maquiagem em competições - Renan Schuindt
O primeiro lugar ficou com Cristiane Alves Silva, de 32 anos, estreante na Maratona do Rio, com o tempo de 2h50min23s. A paulista foi seguida pela queniana Monica Cheruto, que levou 2h51min52s para completar a prova. O terceiro lugar ficou com Roselaine Souza Ramos Benites, que anotou o tempo de 2h52min49s. Logo ao cruzar a linha de chegada, a maratonista chamou atenção do público pela bela maquiagem. Ao estilo Marta, que disputou uma partida pela Copa do Mundo maquiada, Roselaine disse que ficou feliz com o resultado.
Publicidade
“Apesar da dificuldade que ainda temos no esporte, devido à falta de apoio, me sinto realizada. Hoje foi especial”, disse. Sobre o estilo, ela diz que adotou há 11 anos, durante uma prova realizada no Japão. “Quando cheguei para competir, vi que a maior parte das meninas estavam produzidas. Desde então, passei a me maquiar também. É cada vez mais comum”, disse. Completaram o pódio, a brasileira Conceição de Maria Carvalho de Oliveira (2h57min03s) e a queniana Maurine Jelagat Kipchumba (2h59min03).
Corredores passam pela enseada de Botafogo, com Pão de Açúcar de fundo - Ricardo Cassiano/Agencia O Dia
Publicidade
Mulheres em alta

Organizado pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) e o site RunRepeat.com, o estudo ‘State of Running 2019’, mostra que pela primeira vez, o número de mulheres amadoras em corrida de rua ultrapassou o de homens. Segundo o levantamento, em 1986, cerca de 20% dos participantes eram mulheres. No ano passado, esse percentual passou para 50,24%. Para a conclusão, foram analisados 107,9 milhões de resultados de 70 mil eventos, em 193 países, nos últimos 23 anos.

Brasileiros voltam a vencer

Na categoria masculina, o mineiro Geovani dos Santos foi o grande vencedor, com o tempo de 02h18m48s. Ao cruzar a linha de chegada, o atleta passou mal e precisou ser levado de maca para o posto de atendimento médico. Desde 2014 um brasileiro não saia vencedor da prova. Ele liderou a prova do início ao fim, seguido pelos brasileiros Antônio Wilson Souza Lima (2h20min05s) e Edmilson dos Reis Santana (2h20min47s), último brasileiro a vencer a prova em 2014. "Vinha me preparando bastante. O resultado foi alcançado. Estou muito contente pelo Brasil. Voltamos ao pódio", comemorou Reis. Em quarto lugar, o queniano William Kimbor (2h22min14s) e em quinto, outro brasileiro, Antônio de Souza Dias (2h23min04).
Vencedor precisou ser amparado e recebeu atendimento médico - Ricardo Cassiano/Agencia O Dia
Publicidade
Índio Maratonista

Além das famílias que foram acompanhar a prova, muitos personagens estiveram presentes para apoiar os corredores. Entre eles, um índio da tribo Tabajara, que há trinta anos correu sua primeira maratona, promovida em 1989, pelo O DIA. “Me lembro como se fosse hoje. Tenho muito carinho por vocês porque foi a primeira vez que eu participei de uma prova. Tenho o exemplar guardado até hoje”, relembrou Akazu'-y Tabajara Tapeba, que esse ano participou apenas da Meia Maratona, correndo como de costume: descalço. 
Akazly Tabajara guarda medalha que recebeu em maratona promovida pelo O DIA, há 30 anos. Prova foi a primeira de sua vida - Ricardo Cassiano/Agencia O Dia