A deputada federal Flordelis - Luciano Belford
A deputada federal FlordelisLuciano Belford
Por Bruna Fantti
Rio - A deputada federal Flordelis (PSD) prestou uma coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ela diz não acreditar que seus filhos tenham envolvimento na morte do seu marido, o pastor Anderson do Carmo, assassinado na semana passada na garagem de sua casa, em Niterói.
Segundo a polícia, seu filho Flávio dos Santos confessou ter atirado seis vezes contra o padrasto, mas não revelou a motivação. Já a defesa diz que essa confissão não é válida pois não foi assistida por um advogado.
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A deputada diz que ainda não encontrou com Flávio. "Na verdade meu maior desejo hoje seria ver o meu filho Flávio, porque eu ainda não vi. Meus filhos nunca tiveram o hábito de mentir para mim. Quero que ele diga para mim se fez ou não fez. Meu filho (Flávio) estava lá, meu filho foi quem permaneceu no local, ele socorreu. Ele poderia ter fugido. Existem muitas coisas que como mãe me dizem que podem não ter sido os meus filhos", afirmou.
Imagens captadas por câmeras de rua mostram Flávio procurando pela Polícia Militar após o crime e levando o pastor para o hospital.
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Sobre a questão dos remédios que, em depoimento, um dos filhos disse que o pai tomava durante as refeições, Flordelis disse que o marido tinha crises de ansiedade e possui exames recentes que comprovam o tratamento.

Celulares desaparecidos

Flordelis afirma que, além dos celulares do marido e do filho, seu telefone também sumiu. Ela disse que muitas pessoas circularam na casa e que outros objetos, como um anel e uma pulseira de ouro, sumiram. E fez um apelo. "Se me perguntarem onde está o celular do meu marido, eu não sei. Ontem, foi o que mais foi perguntado, indagado. Eu não tenho como dizer ao certo quantas pessoas circularam por dentro da minha casa. Não sei. Esse celular pode ser importante para a polícia, mas é muito importante para mim. Porque lá estão todos nossos últimos momentos. Nosso jogo da seleção brasileira, jogo do Flamengo, nossos momentos juntos. Queria aproveitar para fazer um apelo e pedir para quem está com o celular do meu marido, devolva. É muito importante para mim. Quero muito ter esse celular. Ele é muito importante pra mim. Outras coisas que desapareceram, como uma pulseira de ouro, eu nem quero. Alguns objetos sumiram da nossa casa. Um anel, alguns relógios também. Não tenho como afirmar o momento em que sumiu, só sei que sumiu. Entraram muitas pessoas na minha casa".
Ainda de acordo com a deputada, o marido não sofria ameaças e as brigas em casa eram por motivos rotineiros. "Meu marido não estava sofrendo nenhum tipo de ameaça. Se não falasse comigo, falaria com os filhos. Porque ele tinha um cuidado muito grande de me proteger. Não houve isso. Meu marido não falou sobre estar recebendo ameaça. Sobre a motivação ou mandante, não sei. Estou empenhada para saber por que meu marido morreu", disse.
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Casa com duas garagens, ambas abertas na hora do crime

Segundo a deputada, a casa onde residiam com a maioria dos 52 filhos tinha duas saídas, mas somente a da frente possuía câmeras. "As duas garagens estavam abertas. Isso foi algo que até falei com o meu marido. Quando descemos do carro eu disse: 'carinha, fecha a garagem'. Duas filhas já tinham sido assaltadas naquela rua, um vizinho já teve o carro roubado. Então, era uma preocupação", explicou.
Após o crime, a deputada diz que soube que as duas garagens estavam abertas. "Isso foi algo que nos chamou a atenção. Nós só usamos uma garagem, por que a outra também estava aberta?". A polícia disse que não conseguiu imagens dessa outra saída.
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Traição
A deputada descartou a possibilidade de traição do pastor. "É quase impossível que meu marido estivesse me traindo. Eu não acredito nessa hipótese. Nós eramos amigos, parceiros, tínhamos uma cumplicidade muito boa, muito linda. Meu marido ia toda semana comigo para Brasília. Ele não só me deixava na Câmara. Ele ficava no plenário comigo. Meu marido estava sempre presente nas viagens como cantora. Eu não acredito nessa hipótese de traição do meu marido. A mulher desconfia quando é traída. Colocaria a mão no fogo".
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Uma pergunta ficou sem resposta na coletiva: como a arma foi parar no quarto do filho Flávio. De acordo com o advogado Fabiano Migueis a deputada relatou ontem, em depoimento na DH, o motivo da arma estar na residência. "Ela relatou para a polícia o que um dos filhos contou, mas não sabemos se a polícia irá investigar". A deputada disse que a polícia foi duas vezes na sua casa, e somente na segunda encontrou a arma. Mas afirmou que não poderia dar mais detalhes. "Não posso falar o motivo da arma estar na casa para não atrapalhar a investigação, que está sob sigilo".
A deputada não descarta a possibilidade de crime político. "Quanto ao crime político, realmente tudo é possível nessa vida, nada está descartado".
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Ao ser indagada pela fogueira, feita no dia em que a polícia foi realizar busca e apreensão na sua residência, o assessor Jackson Vasconcellos pediu o microfone. Ele disse que havia agendado uma entrevista para a deputada para uma televisão, que acabou cancelada. Por conta da visita da equipe, os filhos resolveram cortar a grama e queimar. A deputada completou: "Se tivessem jogado aparelho telefônico no fogo, a polícia teria encontrado", explicou. A perícia sobre esse material não foi concluída.
A deputada também negou a demora no atendimento o pastor. O filho Flávio socorre o padrasto 25 minutos após o crime. "Meus filhos fizeram várias ligações para os paramédicos, logo após o crime. Enquanto isso, Flávio saiu para chamar uma viatura e retornou para casa. Como o socorro não chegava, ele resolveu levar no carro". Ainda segundo a deputada, Flávio correu para o andar de cima, assim como outros filhos, logo após os seis disparos. "Eles estavam assustados e não estavam sujos de sangue", contou.