Canteiro de obras da Estação Gávea da linha 4 do metrô - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Canteiro de obras da Estação Gávea da linha 4 do metrôReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por Waleska Borges com colaboração da estagiária Rachel Siston
A força-tarefa da Lava Jato no Rio prendeu, ontem, o procurador Renan Saad, por suspeita de receber R$ 1,265 milhão em propina da Odebrecht, para mudar o traçado da Linha 4 do metrô. A obra, com denúncia de desvio de recursos e paralisada há quatro anos, tira o sono dos moradores da Gávea e frequentadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ). Eles temem que o terreno do canteiro de obras desabe e abale as estruturas dos prédios do entorno.
O procurador do Estado é acusado de emitir pareceres para justificar as mudanças de traçado no projeto original da obra, aumentando abusivamente seu valor inicial. Em 1998, o projeto foi orçado em R$ 880 milhões, mas a expansão acabou inaugurada ao custo de R$ 9,6 bilhões.
A licitação de 1998 da Linha 4 previa traçado por Botafogo, Humaitá e Gávea, até São Conrado e Barra. Hoje, o trajeto sai de Ipanema, passando por Leblon e São Conrado até a Barra. Procurado pelo DIA, o advogado de Saad, Paulo Ribeiro, não retornou.

Imbróglio das obras
As obras da estação da Gávea começaram em 2013 e deveriam ter sido entregues, junto com as demais estações da Linha 4, em 2016. No entanto, o imbróglio está longe do fim. Segundo o subsecretário de Logística da Secretaria de Estado de Transportes (Setrans), José Eduardo Castello Branco, o governo estadual precisa de R$ 900 milhões para a conclusão do trecho da Gávea. Desse total, R$ 300 milhões iriam assegurar a estabilidade das escavações e das fundações, a conclusão da chamada ‘obra bruta’.
Durante audiência pública realizada, semana passada, pela Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio, o subsecretário informou que o governador Wilson Witzel vai solicitar ao governo federal uma parceria para o término da obra. Ele alegou que o estado não possui orçamento suficiente e que empréstimos desse tipo não estão permitidos pelo Regime de Recuperação Fiscal.
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) fez um alerta sobre um possível desabamento nas obras da estação. Após a paralisação, foi necessário inundar o terreno para que a estrutura não cedesse. Engenheiros da universidade afirmam que há grande risco de desabamento, uma vez que a estrutura instalada é provisória.
O vice-reitor de Desenvolvimento da PUC, Sérgio Bruni, afirmou que a instituição está disposta a fazer o estudo de forma gratuita. Em um grupo do Whatsapp, alunos da universidade compartilham um abaixo-assinado pedindo a retomada da construção.
Para o estudante Gustavo Amaral, 20, a retomada das obras põe fim a possíveis riscos para quem frequenta a região e faria com que os usuários precisassem de menos tempo para chegar à Gávea. As obras da estação foram paralisadas por uma liminar da Justiça, que impede que novos aportes financeiros sejam
feitos. A decisão foi baseada em ação do Ministério Público do Rio, que apontou superfaturamento e possíveis desvios financeiros pelas empresas envolvidas. Castello Branco afirma que a Procuradoria-Geral do Estado está analisando as possibilidades jurídicas para reverter a decisão.
O presidente da Associação de Moradores da Gávea, René Hasenclever, sugeriu que a iniciativa privada arque com parte do investimento restante: “Se o estado não tem mais financiamento, temos que chamar as indústrias e o comércio para colocar o dinheiro na mesa”, declarou.