Presença de agentes de segurança em episódios de violência armada teve aumento de 25%, chegando a 1.144 casos relatados este ano - Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil
Presença de agentes de segurança em episódios de violência armada teve aumento de 25%, chegando a 1.144 casos relatados este anoFernando Frazão/Arquivo Agência Brasil
Por Beatriz Perez
Rio - A Região Metropolitana do Rio teve 1.502 pessoas baleadas nos primeiros seis meses de 2019. Destas, 772 morreram e 730 ficaram feridas. No período, foram registrados 4.169 tiroteios ou disparos de arma de fogo, uma média de 23 tiros por dia. Os dados são do Laboratório sobre violência armada da plataforma Fogo Cruzado.
O levantamento aponta uma queda de 10% no número de tiros em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2018, quando foi decretado o início da Intervenção Federal no Rio, foram 4.652 registros de tiroteio no primeiro semestre.
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Dos 4.169 casos de tiros registrados neste semestre, em 76% deles não houve vítimas. Comparado com os 6 primeiros meses de 2018, quando houve 791 mortos e 633 feridos, houve um aumento de 15% no número de feridos.
A presença de agentes de segurança nos episódios de violência armada teve aumento de 25%, passando de 913 casos no primeiro semestre de 2018, para 1.144 este ano, segundo o mapeamento do Fogo Cruzado.

Veja os destaques do relatório com os 6 primeiros meses de 2019:

Número total de tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro: 4.169
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Média de tiros por dia: 23
Número total de baleados: 1.502
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Número total de mortos: 772
Dia com mais tiroteios/disparos de arma de fogo: 13/03, com 39 registros
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Dia com maior número de mortos: 08/02, 18 mortos
Dia com mais maior número de feridos: 29/06, 16 feridos.
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Mês com mais tiroteios/disparos de arma de fogo: março, 795 registros
Mês com maior número de mortos: janeiro (161)
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Mês com maior número feridos: maio (134)
Do total de casos (4.169), em 76% deles não houve vítimas (3.177 casos)
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Do total de casos (4.169), em 1.144 havia a presença de agentes de segurança
Zona Norte tem mais tiroteios
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A Zona Norte do Rio teve o maior número de tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio neste semestre: foram 1.360 registros, o que equivale a 33% do número total de tiros. Em segundo lugar está a Baixada Fluminense (971), seguido do Leste Metropolitano - Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá - , com 742; Zona Oeste (737), Centro (188) e Zona Sul (171).
Segundo colocado no ranking dos tiros, a Baixada Fluminense concentrou o maior número de mortos: dos 772 mortos em decorrência de tiroteios/disparos de arma de fogo no Grande Rio. Foram 287 na região, o que representa 37% de todos os registros da região metropolitana do Rio.
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O Leste Metropolitano, terceiro no ranking, teve o maior número de feridos, foram 210 casos dentro dos 730 de todo o Grande Rio, 29% dos registros.

O município do Rio de Janeiro concentrou 59% dos tiroteios ou disparos de arma de fogo da Região Metropolitana: 2.456 tiros. A cidade também registrou o maior número de baleados: foram 611, destes 258 mortos e 353 feridos.

A Vila Kennedy, localizada na Zona Oeste, foi o bairro do Grande Rio com o maior número de tiroteios ou disparos de arma de fogo: 191. Em seguida vem o Complexo do Alemão (170), Praça Seca (115), Tijuca (104) e Cidade de Deus (99).

A Vila Kennedy também foi o bairro com o maior número de feridos durante este semestre: 17 no total. Em seguida vem Vila Dagmar (17), Penha (13), Maré (12) e Cidade de Deus (10).
Fonseca em Niterói tem maior número de mortos

O Fonseca, bairro de Niterói, no Leste Metropolitano, concentrou o maior número de mortos: foram 15 registros. O Complexo do Alemão (13), Catumbi (13), Bangu (12) e Nova Aurora, em Belford Roxo, (12) completam o ranking de mortalidade nos bairros.
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O Fogo Cruzado mapeou 742 tiroteios ou disparos de arma de fogo no Leste Metropolitano que deixaram 437 pessoas baleadas: destas, 227 morreram e 210 ficaram feridas. Do total de tiros mapeados na região, 57% ocorreram em São Gonçalo (422), seguido de Niterói (229), Itaboraí (56) e Maricá (35).

O Jardim Catarina, em São Gonçalo, foi o bairro do Leste Metropolitano que concentrou o maior número de tiros, foram 42 registros no total, seguido de Icaraí (29), Bom Retiro (27), Itaúna (23) e Ingá (22). Fonseca, em Niterói, teve o maior número de mortos (15), e Santa Rosa, o maior número de feridos (10) no período.
Belford Roxo e Nova Iguaçu concentram mortes na Baixada
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No semestre, houve 971 tiroteios ou disparos de arma de fogo na Baixada Fluminense, que resultaram em 287 mortos e 167 feridos. Belford Roxo (328), Duque de Caxias (211), Nova Iguaçu (146), São João de Meriti (98) e Mesquita (42) registraram nesta ordem o maior número de tiros na região. Belford Roxo e Nova Iguaçu contabilizaram 77 mortos cada um, os dois municípios juntos concentraram 54% de todos os mortos na Baixada Fluminense.

Dos 5 bairros no topo do ranking de tiros na Baixada Fluminense, todos estão no município de Belford Roxo, são eles: Glaucia (62), Santa Tereza (32), Bom Pastor (31), Pauline (20) e Vale do Ipê (17). Nova Aurora registrou o maior número de mortos (12) e Vila Dagmar, o maior número de feridos (17), ambos também em Belford Roxo.
Áreas de UPPs
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Dos tiroteios ou disparos de arma de fogo registrados na Região Metropolitana do Rio neste semestre, 18% ocorreram em áreas de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), mesmo com o decreto de fim de algumas delas. Hoje são apenas 27. No total, foram 762 registros que deixaram 125 pessoas baleadas próximo às UPPs: destas, 60 morreram e 65 ficaram feridas. A área de UPP com mais tiros foi o Complexo do Alemão, com 170 registros.
Agentes de segurança baleados

O Fogo Cruzado mapeou 127 agentes de segurança baleados na região metropolitana do Rio no primeiro semestre de 2019, destes, 30 morreram e 97 ficaram feridos. Os municípios do Rio de Janeiro (60), São Gonçalo (19), Niterói (14), Nova Iguaçu (7), Belford Roxo (5) e Itaboraí (5) tiveram o maior número de agentes baleados.

Do total de agentes de segurança baleados neste semestre, 25 morreram fora de serviço, o que representa 83% de todos os agentes mortos, e 48 ficaram feridos durante o posto de trabalho. Houve uma queda de 27% no número de agentes baleados neste semestre em comparação com os 6 primeiros meses de 2018, quando foram registrados 175 agentes baleados: destes, 62 morreram (48 fora de serviço), e 113 ficaram feridos (63 em serviço).

Mortes dentro de casa 
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Nos 6 primeiros meses do ano, houve 27 casos de tiros em residências. No total, 34 pessoas morreram baleadas dentro de casa. Das vítimas, 27 eram homens, 6 eram mulheres e 1 das vítimas não foi identificada. Outras 8 pessoas foram feridas dentro de casa: 3 homens, 2 mulheres, e 3 pessoas não identificadas.
Aumento em 80% de tiros de helicópteros
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Houve 11 casos de operações policiais com helicópteros usados como plataforma de tiro este semestre: um aumento de mais de 80% em relação a todo o ano passado. Nestas ações, 8 pessoas morreram. A Zona Norte teve o maior número de tiros nestas circunstâncias: foram cinco registros. Em seguida vem a Zona Oeste (4), Centro (1) e Leste Metropolitano (1).
Crianças, adolescentes e idosos vitimizados

Neste semestre, 12 crianças (até 12 anos incompletos), 44 adolescentes (até 18 anos incompletos) e 19 idosos (acima de 60 anos) foram baleados na Região Metropolitana do Rio: destes, 4 crianças, 26 adolescentes e 12 idosos morreram. No mesmo período de 2018, foram 14 crianças, 43 adolescentes e 16 idosos baleados: destes, 3 crianças, 25 adolescentes e 10 idosos morreram.
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Redução em duração de tiroteios

Este ano, houve 11 casos de tiroteios com duração igual ou superior a 2 horas, 5 vezes menos registros que em 2018. No total, foram 33 horas e 33 minutos de tiroteios contínuos que deixaram 6 mortos na região metropolitana do Rio. No mesmo período de 2018, foram 60 casos com mais de 340 horas de duração que deixaram 23 mortos e 38 feridos. Este ano, houve uma queda de 90% na duração desses casos.
Balas perdidas

O Fogo Cruzado mapeou 74 casos de balas perdidas neste semestre. No total, 90 pessoas foram vítimas, destas: 24 morreram e 66 ficaram feridas. No mesmo período do ano passado, foram 84 casos que deixaram 19 mortos e 75 feridos.

Das 4.169 informações sobre tiroteios ou disparos de arma de fogo, em 1472 (35%) foi possível identificar o motivo da situação. Neste semestre, "confronto" foi o principal motivo apontado como causa de tiroteios no Grande Rio. O levantamento é feito com base na descrição de notícias de imprensa e comunicações das polícias.
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Foram 739 menções a confronto, seguido de operação policial (490), ação policial (301) - quando agentes de segurança realizam patrulha, blitz, operações de rotina, roubo ou tentativa (185) e homicídio ou tentativa de homicídio (127). Entre os motivos mais apontados no mesmo período de 2018 estão: operação (292), confronto (276), roubo ou tentativa (214), ação policial (190) e execução (153).

Educação no alvo

Dos 4.169 tiroteios ou disparos de arma de fogo ocorridos no primeiro semestre de 2019, 1.227 foram no entorno de escolas e creches públicas e privadas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em 394 casos foi registrada a presença de agentes de segurança. Ao todo, 1.109 escolas foram afetadas - isso representa 18% da rede.
Neste semestre houve uma média de 13 tiroteios ou disparos de arma por dia letivo - período entre fevereiro e junho de 2019, das 6h até 22h. No primeiro semestre de 2018 foram 1389 tiroteios no entorno de estabelecimentos de ensino - 12% a mais do que em 2019. Naquele período 1.493 escolas foram afetadas - significando uma queda de 26% em 2019. Em 2018 houve média de 15 tiros por dia letivo.

Nesta primeira metade do ano a Vila Kennedy liderou o ranking de tiroteios ou disparos de arma de fogo no entorno de escolas da região metropolitana do Rio: foram 70 registros nas imediações de escolas e creches do bairro, em seguida vem Tijuca (54), Complexo do Alemão (47), Cidade de Deus (46) e Penha Circular (37).

Impacto da violência armada na mobilidade urbana

Nos primeiros 6 meses do ano, o Fogo Cruzado mapeou 576 tiroteios ou disparos de arma de fogo em um raio de 100 metros de grandes vias de circulação da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com possíveis impactos para o funcionamento de transportes públicos. Na contagem, um mesmo registro de tiro pode ocorrer próximo a mais de uma via, o que significa que um tiro pode aparecer mais de uma vez em diferentes pontos de tráfego urbano.

Do total de vias e rotas, as grandes rodovias foram as mais afetadas por tiroteios no seu entorno, foram 285 registros, em seguida vem o BRT (147), trens da Supervia (111), metrô - considerada apenas a parte não subterrânea da Linha 2 do metrô - entre a Cidade Nova e a Pavuna -(28) e VLT (5).

A principal rota afetada foi a BR-101 com 86 registros - rodovia que além de incluir a Avenida Brasil, em seu trecho no Leste Metropolitano liga Niterói à Manilha. Em seguida apareceram: o BRT TransCarioca, que liga a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional (64); o trem do ramal Belford Roxo (43); o BRT TransBrasil (via Francisco Bicalho) (42), e o trem do ramal Saracuruna (42).