Quantidade de bombeiros diminui nos postos de salvamento da orla da Zona Sul que possui vários pontos de perigo para mergulho. Temendo punição, bombeiro não deu seu nome e pediu para não ser fotografado.    - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Quantidade de bombeiros diminui nos postos de salvamento da orla da Zona Sul que possui vários pontos de perigo para mergulho. Temendo punição, bombeiro não deu seu nome e pediu para não ser fotografado. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Bernardo Costa

Rio - A orla da Zona Sul está com efetivo insuficiente de salva-vidas. A denúncia é feita pelos próprios profissionais. Segundo eles, este é o segundo ano em que, no período de inverno, há apenas um salva-vidas em cada posto de observação. A razão para a carência, de acordo com eles, é a falta de concursos públicos para repor o quantitativo que está se aposentando por tempo de serviço.

"O correto é ter dois salva-vidas, no mínimo, por posto. Mas a turma da década de 1990 está saindo e não está havendo reposição. Da forma como está, é um risco para a população e para nós também", comentou um salva-vidas, que pediu para não ser identificado.

Segundo o profissional, que atua na Praia do Leblon, além da dificuldade de cobrir um quilômetro sozinho, que é a distância entre dois postos, há o perigo da falta de cobertura no momento do salvamento.

"Caso o bombeiro passe mal durante o resgate, quem vai ajudá-lo?", questiona o salva-vidas, que acrescenta: "Além disso, precisamos estar atentos também ao calçadão. Se alguém tem um mal súbito se exercitando, por exemplo, somos nós os primeiros a agir".

Em Ipanema, um salva-vidas comentou que, há duas semanas, fez um salvamento em determinado ponto da praia. Ele estava sozinho e, quando retornou ao posto, soube por banhistas que outra pessoa também havia se afogado em sua área de atuação, mas foi salva por surfistas.

Contar com a sorte

"Não havia como eu fazer dois resgates ao mesmo tempo. Estamos tendo que contar com a sorte. Se houver um homem e uma mulher se afogando, por exemplo, vou ter que optar por ajudar a mulher e torcer para que o homem resista mais um pouco e dê tempo de resgatá-lo", contou o salva-vidas, que também pediu anonimato.

Para ele, o nível de tensão aumenta muito nessa situação. "O estresse é muito grande, pois precisamos redobrar a atenção. Às vezes, não dá nem para almoçarmos direito", contou.

Na Praia do Arpoador, um profissional, que estava sozinho no posto, chamou atenção para o risco da falta de cobertura. "Quando o mar está grande, o correto é dois entrarem no mar para o resgate e ficar um na areia para ser o nosso ponto de contato. Do mar, por sinais, informamos o estado da vítima e pedimos reforço de helicóptero ou moto d'água. E quem faz o contato é o guarda-vidas que fica na areia", conta.

A esteticista Daniele Macedo, de 36 anos, frequenta a Praia de Copacabana e diz que tem encontrado postos sem guarda-vidas. "Mas isso varia, não é constante. Tem hora que não vejo ninguém. Em outros momentos, vejo um só ou dois agentes. Mas, de uma forma geral, acho que tem menos gente atuando, sim. Imagina como será no verão, ou mesmo no Rock in Rio, quando a cidade lota de turistas", disse Daniele.

O cozinheiro Wagner Costa, de 25 anos, que ontem foi à praia com dois filhos, de 1 e 3 anos, demonstrou preocupação: "Realmente, parece que há poucos salva-vidas atuando. Tenho receio, pois praia é muito perigoso para as crianças", comentou.

Novos agentes

Através da assessoria de imprensa da Defesa Civil do Estado, o Corpo de Bombeiros informou que "153 candidatos excedentes do concurso para soldado guarda-vidas de 2015 serão convocados a partir do dia 2 de agosto (hoje)". A nota exclarece, ainda, que a alocação de guarda-vidas é baseada em critérios como número de banhistas, período e condições climáticas. "É comum, por exemplo, um reforço no efetivo nos fins de semana e feriados", diz a nota, complementando: "Nem sempre os guarda-vidas ficam posicionados nos postos durante todo o dia. Eles fazem prevenção na areia e no mar de tempos em tempos".

 

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