Flordelis: plano para matar pastor foi elaborado em 2018
Após depoimentos dos filhos da deputada e de Anderson, investigadores concluem que assassinato foi arquitetado oito meses antes da execução, em junho passado
Por Bruna Fantti
Rio - Os depoimentos dos filhos da deputada Flordelis dos Santos foram fundamentais para que investigadores da Polícia Civil concluíssem que o assassinato do pastor Anderson do Carmo, ocorrido em junho, estava sendo planejado desde outubro de 2018. Além disso, para a polícia, as contradições nos dois depoimentos oficiais da deputada apontam que ela pode ter participação no crime.
A discordância de Flordelis que mais chamou a atenção dos investigadores foi o relato do momento do crime. No primeiro depoimento, no dia 16 de junho, a deputada disse que “estava dormindo, quando foi acordada por barulhos de arma de fogo. Que, como mora perto de comunidade, não achou nada estranho, tendo voltado a dormir. Que alguns minutos depois, foi acordada por gritos de dentro da sua casa”. A informação foi veiculada pelo SBT Rio. Já no segundo depoimento, ocorrido oito dias depois, ela disse que, na hora do crime, estava conversando com um dos filhos, quando escutou seis tiros — versão que foi relatada também na coletiva de imprensa.
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O DIA teve acesso aos depoimentos dos filhos de Flordelis. Kelly Cristina dos Santos relatou, no dia 24 de junho, que, no dia do crime, “todos que moravam na casa estavam muito tranquilos”, o que lhe causou estranheza. Kelly, que mora na Região dos Lagos, relatou que sabia que a irmã Marzi colocava remédio na comida de Anderson, e que ele consumia o medicamento sem ter conhecimento do que tomava, “fi cando letárgico e com muita falta de ar”. Flordelis costumava dizer, segundo Kelly, que “iria dar o remedinho para ele ficar calminho” e que “quando Anderson não estivesse mais ali, as coisas iriam melhorar”.
Ainda segundo Kelly, Flordelis dizia aos filhos que “todas as proibições ou coisas ruins que ocorriam eram culpa de Anderson”. Antes de os fi lhos prestarem depoimento, Flordelis fez uma reunião com eles, na igreja, e avisou que saberia todo o conteúdo através do advogado. “Isso é coação, não tem outra explicação”, afirma Angêlo Máximo, advogado da família do pastor.
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Já Wagner Pimenta, o Misael, disse que recebeu um bilhete de Flordelis dizendo que ela “tinha jogado o celular de Anderson da Ponte Rio-Niterói”. Outro fi lho, Luan Santos, afirmou que, após o enterro, Flordelis disse: “Agora acabou”. E ofereceu todos os ternos do pastor para ele, além de uma passagem para os Estados Unidos. As irmãs Marzi, Simone e Lorraine, além da deputada, são apontadas em depoimentos como mentoras do crime.
Deputada declara amor ao pastor
Em nota publicada no Facebook, Flordelis nega as acusações dos filhos. “O que ganhei com a morte do meu marido? Eu só perdi. Todos do nosso relacionamento sabem que estou falando a verdade”, escreveu, e voltou a se declarar: “Éramos mais que marido e mulher, éramos uma dupla”.
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Ela acusa Misael de ter apagado informações do telefone do pastor. “Sobre o celular, por que Misael não contou que, no dia do velório, mandou um amigo da família ir lá em casa tirar o celular do carregador e levar pra ele e, quando o rapaz chegou até ele, Misael apagou um monte de coisas? Agora eu pergunto: Apagou o quê? E printou outras, depois fotografou, sem que o rapaz percebesse, devolvendo o celular para afirmar depois que me foi entregue”.