Sequestrador usava máscara de caveira (balaclava)
 - Ricardo Cassiano
Sequestrador usava máscara de caveira (balaclava) Ricardo Cassiano
Por GUSTAVO RIBEIRO

Características atribuídas ao sequestrador que parou a Ponte Rio-Niterói podem ajudar a polícia a traçar o perfil de um sujeito ligado a uma subcultura masculina conhecida como 'incel' — os celibatários involuntários. O termo refere-se a homens que vivem isolados, muito tempo no mundo virtual e com dificuldades de relacionamentos, principalmente com o sexo oposto.

Depoimentos apontaram que Willian Augusto da Silva, de 20 anos, era isolado, sem relacionamentos afetivos, restrito à internet e pesquisou sobre o massacre à escola de Suzano (SP).

"O termo surgiu no final dos anos 1990 para caracterizar pessoas que se isolam dentro de casa, com dificuldades de relacionamentos com pessoas do sexo oposto. Os 'incels' carregam algum transtorno, como fobia social, depressão, ansiedade e problemas sexuais", explica o especialista em psicanálise forense José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina.

Normalmente, segundo Bandeira, os 'incels' trocam informações na internet, onde propagam o ódio contra mulheres e homens bem resolvidos, motivo de baixa autoestima para eles. Mas acessar esses grupos não é regra: "Ele pode ter o comportamento 'incel', mas não conhecer os grupos."

A polícia investiga se Willian acessava áreas obscuras da internet, a 'deep web', e já sabe que ele tinha perfil psicótico. Na opinião de Bandeira, para classificá-lo como 'incel' é preciso achar indícios de aversão às mulheres.

Para Bandeira e o psiquiatra e psicanalista Jeremias Ferraz, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, os autores dos massacres em Realengo, em 2011, e em Suzano, este ano, têm características 'incel'. "O atirador de Realengo disparava na testa das meninas e nas pernas dos meninos, provavelmente devido a dificuldades sexuais", ressalta. "Se o menino fica muito isolado, solitário, tem dificuldades de relacionamento e manifestações de ódio, deve-se ficar de olho no que faz na internet e buscar tratamento", acrescenta.

Você pode gostar
Comentários