Rio de Janeiro - RJ  - 04/11/2019 - Entrevista com Mariana Ribas, pre candidata do PSDB a Prefeitura do Rio -  foto: Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - Fotos de Reginaldo Pimenta
Rio de Janeiro - RJ - 04/11/2019 - Entrevista com Mariana Ribas, pre candidata do PSDB a Prefeitura do Rio - foto: Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaFotos de Reginaldo Pimenta
Por Cássio Bruno e Luana Dandara

Rio - Mariana Ribas, de 36 anos, carioca da Zona Oeste, é pre-candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB. Formada em Comunicação Social com especialização em Jornalismo Cultural, pela primeira vez ela entra numa disputa a um cargo do Executivo, mas há 16 anos atua em órgãos públicos. Entre fevereiro e agosto deste ano, Mariana esteve à frente da Secretaria Municipal de Cultura do Rio na gestão Crivella.

O DIA: Já foi ventilado sobre uma chapa sua com Eduardo Paes. Você está mantida como pré-candidata ou tenta chapa?

MARIANA: Hoje, eu sou a pré-candidata do PSDB à prefeitura do Rio para as eleições de 2020. Como as regras mudaram (não haverá coligação proporcional), a maioria dos partidos vai ter candidato próprio (para puxar votos a quem concorrer para vereador). A ideia é fazer as negociações de alianças mais para frente.

Está descartada uma aliança com Paes?

Não descartamos nada até agora. O Eduardo ainda não é pré-candidato. Não tomaremos nenhuma decisão enquanto o jogo não estiver posto. Meu desafio consolidar minha candidatura, é meu plano A.

Como foi essa proposta de candidatura? Partiu de você ou do PSDB?

Foi uma proposta do PSDB. Eu assumi a Secretaria municipal de Cultura em fevereiro deste ano. Mas comecei na prefeitura como estagiária. Então, tenho muito carinho por lá e em especial pela Cultura. Em três meses, percebi que não ia conseguir os créditos que eu havia colocado como condição para assumir a secretaria. Acho que a cultura precisa ser valorizada. Nesse meio tempo, conheci o Paulo Marinho, soube da renovação que ele estava fazendo no PSDB do Rio. Fiquei empolgada, porque ele também defende a qualidade dos gestores. Fui a São Paulo conhecer o governador João Doria e foi suficiente para bater o martelo.

Nessa saída do governo Crivella, alguma promessa não foi cumprida?

Quando eu assumi, falei para o prefeito: "a gente precisa retomar os editais de fomento direto". Ele disse para eu enviar os pedidos para ajustes. Fiz esses pedidos, dois chegaram a sair, uma parte para a Cidade das Artes e outra para o Museu de Arte do Rio. Quando percebi que esses créditos não iam sair, decidi não fazer mais parte do governo.

Como será disputar contra o Crivella?

Não vejo problema nenhum. Acho que as próximas eleições serão muito difíceis. A gente tem que fugir dessa polarização e, de alguma maneira, esses candidatos do centro se unirem em torno de uma pauta porque o Rio não aguenta mais quatro anos desse jeito. Essa é a proposta da gente, concreta, direta. Vai haver alguns embates, e tenho que estar preparada.

O governador de São Paulo, João Doria, é um dos apoiadores da sua candidatura. Você pretende se inspirar em propostas dele?

João Doria foi um dos motivos que me fizeram escolher o PSDB. É a primeira vez que eu me filio. Antes de tomar minha decisão, eu fui para São Paulo, participei de uma reunião de secretariado com ele e fiquei impressionada com a maneira dele de gerir. Ele usa todo o tempo para as políticas públicas que ele está implementando, trabalha fortemente com a atração de investimentos privados para o governo.

E como está sendo a pré-candidatura?

É completamente diferente do que eu fazia. Dediquei 16 anos da minha vida profissional à administração pública e, agora, entrei em um partido. Precisamos renovar os nomes da política, mulheres e jovens participando desse processo. Temos que participar mais ativamente.

O fato de você ser carioca e ver o Rio de Janeiro nesta crise também te motivou?

Demais. Eu nunca vi o Rio desse jeito. As pessoas estão muito tristes. A nossa autoestima se perdeu e a gente tem que começar a focar nas coisas boas para sairmos dessa situação. Não posso desistir do Rio. Tenho capacidade. São 16 anos voltados para essa área.

Como você vê essa tentativa de reconstrução do PSDB, já que no Rio o partido não tem muito protagonismo? Acredita em uma virada?

Acho que sim. O Paulo (Marinho) está fazendo um belíssimo trabalho, ele está montando os diretórios nos municípios e a gente tem que ampliar a participação do PSDB no Rio. Estamos trazendo pessoas de fora da política, para que a sociedade civil participe. Acho que esse é o grande diferencial da gente.

Como você vê a gestão do governo Crivella?

Nunca vi o Rio nesta situação. O grande problema é a falta de gestão. Precisamos ter uma perspectiva mais voltada para o planejamento das ações, aonde queremos chegar e como utilizar o dinheiro público. A gente precisa de liderança, de um síndico 24 horas disponível para a nossa cidade. Sem isso, a cidade não funciona. A prefeitura tem de orçamento cerca de R$ 30 bilhões, cerca de R$ 7 bilhões são da Previdência e o resto de exercício fiscal, e, na hora de fazer as escolhas, é importante definir prioridades. Sem planejamento, qualquer recurso que você gasta vira um saco sem fundo, como é o caso da saúde, por exemplo.

Você já definiu algumas propostas Rio?

Saúde e educação são prioritárias, mas me preocupa ainda a conservação da cidade, como atrair mais recursos da iniciativa privada, e a ordem pública, que inclui a segurança. Defendo uma articulação com o governo do estado para uma distribuição do efetivo da guarda, que hoje é de 7 mil.

Você defende a guarda armada?

Acho que para armar a guarda, a gente tem que capacitar muito bem a Guarda Municipal e ouvir os agentes. Sou a favor de todo processo ter os funcionários de carreira participando. Existe um entendimento de que municípios com mais de 500 mil habitantes possam ter a guarda armada. Acho que essa emenda apresentada para armar a guarda é um caminho natural.

Você ainda não é conhecida eleitoralmente. Como vai ser o trabalho para isso?

O maior desafio que a gente tem com a minha pré-candidatura é justamente o fato de eu ainda ser desconhecida. O que eu preciso é que as pessoas me conheçam, conheçam as propostas que a gente está montando e que eu me torne uma boa opção para elas.

Como vocês pretendem fazer isso?

Estamos fazendo reuniões, separadas por temas com alguns grupos, sem chegar com soluções prontas. Estou participando de muitos eventos, conversas em algumas comunidades, pessoas da área de saúde, educação e pessoas até de dentro da prefeitura, porque preciso ter esse olhar das demandas da cidade. O que priorizamos hoje é a agenda na rua e as redes sociais.

O fato de você não ter experiência como chefe de Executivo vai ser um empecilho?

Acredito que não, até porque a maioria dos chefes de Executivo para chegar no cargo foram antes parlamentares ou subsecretários. A minha carreira em relação a deles é praticamente a mesma.

Tem um grupo no PSDB, liderado pelo deputado Luiz Paulo e pelo secretário estadual de Turismo, Otávio Leite, que ficou revoltado com a intervenção do Doria no Rio. Como você viu isso?

Acho normal porque toda mudança gera algum tipo de resistência. Mas também acho necessário ampliar a participação do PSDB no Rio de Janeiro. É algo que ainda vamos avaliar. Eu defendo a união em todas as esferas.

Achou truculência no episódio da Linha Amarela?

Todo mundo sabe que esse pedágio é muito caro. Mas rescindir um contrato unilateralmente é sempre ruim porque tem as questões de âmbito administrativo que pode tratar antes de tudo. Se o objetivo da prefeitura é reduzir a tarifa, que se faça um ajuste neste contrato, a partir do momento que se comprove qual o tamanho desse valor. Não se definindo em âmbito administrativo, então judicializa-se. Mas acho que a prefeitura não quer resolver, acabou sendo uma manobra já para as eleições do ano que vem. O que é uma pena, pois, no fim das contas, quem vai pagar esse prejuízo é a gente. Quebrar, acabar com os equipamentos, não vejo menor sentido, não existe justificativa para isso.

Como fará para chegar ao segundo turno?

A gente só vai entender isso quando souber quais serão os candidatos de fato. O que estou fazendo agora é um movimento para ganhar corpo, robustez, mostrar que sou uma opção viável, que sou uma pessoa que entende de administração pública e pode ajudar o Rio a sair dessa situação. Mas os movimentos mais estratégicos só vão acontecer quando a gente tiver os candidatos definidos, saber com quem cada um tem mais chance e como as pesquisas vão se colocar.

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