'Pedimos que documentos fossem encaminhados para a DH', diz advogado da família de jovem encontrado morto em cela
Após dois meses, familiares seguem tentando elucidar o caso
Por Natasha Amaral
Rio - A defesa da família de Marcos Vinícius Gouvêa Gomes, 33, encontrado morto em uma cela da 32ª DP (Taquara), em setembro deste ano, na Zona Oeste do Rio, informou que realizou o pedido de encaminhamento dos documentos sobre a morte do jovem para a Delegacia de Homicídios. O pedido foi feito ao Ministério Público e acolhido pela 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá na sexta-feira. A vítima foi encontrada sem vida em uma cela da 32ª DP (Taquara). Segundo a versão da Polícia Civil, ele teria se enforcado com a própria camisa, presa na janela. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou a morte por "asfixia mecânica".
"Foi feito o pedido de deslocamento do inquérito para a Delegacia de Homicídios e o Ministério Público (MP), inicialmente, achou que não haviam elementos que justificassem essa medida. O Juiz entendeu que esse pedido deveria ser formulado antes e deixou de apreciar. Posteriormente, realizei uma petição com reconsideração, na qual faço várias considerações e o MP se manifestou favoravelmente. No entanto, esse inquérito saiu da delegacia da Taquara e foi pro MP, mas não passou ainda ainda pela Justiça", comentou o advogado da família, Leonardo Silva Pinto.
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Para Jorge Gomes, irmão da vítima, a perícia realizada pelo perito contratado pela família mostra lacunas nos laudos emitidos pelo Instituto Médico Legal. "As evidências que apareceram no laudo reforçam que ele não tirou a própria vida. Além de não constar a altura exata da grade da cela, os laudos do IML não descreveram a existência de hematomas nos braços de Marcos, que são visíveis nas fotos da perícia de local".
No momento em que Marcos Vinícius teria cometido suicídio, um outro detento dividia a cela. "O depoimento desse rapaz foi superficial. Ele afirmou que estava dormindo e, quando acordou, viu meu irmão morto. Esse caso precisa ser esclarecido. Não informaram a altura da janela. Eu não tive coragem de ver mas, pelo o que falaram, ele estaria sentado. Não faz sentido", afirmou Jorge.
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Marcos, que era dependente químico, foi preso por estar dirigindo embriagado ou sob efeito de drogas; provocar acidente de trânsito e fugir do local e estelionato – ele parou para abastecer em um posto de gasolina e pediu ao frentista para colocar R$ 10 de combustível, mas não tinha dinheiro.
Jorge comenta também o comportamento do irmão no momento em que foi abordado pela polícia no posto de gasolina. "Eu acho possível que ele tenha consumido drogas aquele dia sim, a gente sabe que quem sofre com essa doença pode ter recaídas. Mas não faz sentido que em menos de 12 horas um rapaz jovem e forte apareça enforcado numa cela. Não tem uma foto da cena, não tem informação sobre a altura da janela. Meu irmão tinha mais de 1,80m". No entanto, ainda segundo o irmão da vítima, o laudo toxicológico ainda não foi entregue.
O caso
O autônomo Marcos Vinícius Gouvea Gomes, de 33 anos, foi encontrado morto no dia 29 de agosto, em uma cela da 32ª DP (Taquara), na Zona Oeste do Rio. Segundo a versão da Polícia Civil, ele teria se enforcado com a própria camisa, presa na janela. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou a morte por "asfixia mecânica".
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O rapaz, que morava com a família no Cachambi, teria se envolvido em uma confusão no trânsito após voltar de um encontro em Jacarepaguá. Descontrolado, ele arremessou objetos contra policiais e foi conduzido à delegacia mais próxima, onde acabou sendo preso. Marcos estaria sob efeito de álcool ou substância entorpecente, segundo os policiais.
Nota antiga: Em nota, a Polícia Civil informou que instaurou inquérito para apurar a morte. "Segundo informações, a 32ª DP (Taquara) instaurou inquérito para apurar a morte de um preso que se enforcou com a própria camisa dentro de uma cela na delegacia. O fato ocorreu na última quinta-feira (29/08). Também foi aberta uma sindicância administrativa interna".