Em um amplo galpão na Zona Portuária, montanhas de lixo se misturam a materiais coloridos e esculturas deterioradas pelo tempo. As telhas praticamente não existem, e filhotes de cachorros brincam com baratas entre poças de água parada. A menos de cem dias do Carnaval, essa é a realidade do barracão de três escolas da Série A: Porto da Pedra, Acadêmicos de Santa Cruz e Acadêmicos de Vigário Geral, que terão que construir ali suas alegorias para brilhar na Marquês de Sapucaí.
"Sem um espaço digno e nem dinheiro, as dificuldades se tornam muito maiores. E a chuva ainda danificou o pouco que conseguimos de doações de materiais", lamenta Cahê Rodrigues, carnavalesco da Santa Cruz.
RIOTUR BUSCA PATROCÍNIO
Apesar de ter confirmado que não fará repasse financeiro às escolas, a prefeitura informou que a Riotur busca patrocínio privado para auxiliá-las na realização dos desfiles. Enquanto o dinheiro não vem, as agremiações caminham para o suspiro derradeiro. Na terça-feira, a Renascer de Jacarepaguá anunciou a paralisação das atividades por falta de verbas.
"Se não tiver dinheiro, vou enrolar a bandeira. São 20 alas para desfilar e até agora não temos nenhuma pronta, só ferragens. Nem quando perdi o barracão em um incêndio passei por tanta crise", conta a vice-presidente da Renascer, Tatiana Mello. No barracão, não há luz e nem água, apenas chacis do último desfile e materiais doados por agremiações do Especial.
Diretor de Carnaval da Porto da Pedra, Júnior Cabeça afirma que a realização da Série A corre riscos. "Hoje, sem subvenção ou patrocínio, não tem como ter desfile. Quem nos vê na Sapucaí nem imagina esse sufoco todo que passamos", desabafa. Ele lembra que o grupo de acesso já chegou a receber R$ 1 milhão por escola, em 2016 e 2017. Nesse último Carnaval, o valor foi de de R$ 250 mil por escola.