Emerson diz ter sido vítima de racismo ao ser apontado como cliente que saiu sem pagar conta de restaurante - Arquivo Pessoal
Emerson diz ter sido vítima de racismo ao ser apontado como cliente que saiu sem pagar conta de restauranteArquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - O maquiador Emerson Delgado, de 36 anos, diz ter sido vítima de racismo na noite de quinta-feira, ao ser apontado por um segurança como o cliente que não pagou a conta de um restaurante do shopping Rio Sul, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Ele conta que saía do trabalho, em uma loja do shopping, quando teve a bolsa puxada pelo segurança e foi impedido de deixar o estabelecimento.
Emerson relatou que o vigia alegou haver uma ocorrência contra ele e, mesmo sem fazer ameaças, segurou a arma no coldre durante toda a abordagem, que durou cerca de dez minutos. "O segurança ficou segurando a arma em todo momento, como se eu fosse o maior bandido do mundo, mas não me ameaçou. Tinham pessoas passando, uma menina que viu a situação, disfarçou e começou a filmar, mas eu não me senti seguro para dar mais nenhum passo, me mover", desabafou o maquiador.
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A vítima só foi liberada pelo segurança, identificado como Flávio Ribeiro Gonçalves, quando o gerente do restaurante que fez a denúncia afirmou que Emerson não era o cliente procurado, já que este havia sido descrito como um homem careca e alto, segurando duas caixas de papelão. A cor da pele do suspeito não foi mencionada. Apesar das desculpas do chefe da segurança e do mediador do shopping, a Polícia Militar foi acionada e os envolvidos encaminhados para a 10ª DP (Botafogo).
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"Eu sou alto, careca e negro. Não estava segurando duas caixas, eu estava com duas bolsas pretas. Eu sou funcionário do shopping, tive que chamar minha gerente, pessoas que trabalham comigo, porque fiquei muito nervoso, foi um constrangimento muito grande."
A advogada Laila Domith, 38, presenciou a abordagem e diz que a ação se enquadraria não só em crime de racismo, como constrangimento e cárcere privado, já que a vítima foi impedida de sair do shopping. Entretanto, o crime foi registrado como caso atípico. Em nota, o RioSul reafirmou "sua postura contra todo e qualquer tipo de preconceito" e esclareceu que está apurando todos os fatos para seguir com as medidas necessárias. O maquiador afirmou que pretende processar o shopping, para que outras pessoas não sejam vítimas de racismo.
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"Eu vou até o fim, o que eu passei é impagável. Quantas pessoas já passaram por isso e quantas ainda vão passar? Quero levar essa denúncia à frente e vou fazer tudo o que eu puder para ninguém mais ter que passar por isso", declarou.