Rio - Há quase dois anos, quando decidiu compartilhar saberes em uma praça de Botafogo, o engenheiro Silvério Moron não imaginava o movimento que começava. Hoje o projeto Adote Um Aluno, de aulas gratuitas, está em Copacabana, Flamengo, Vila Isabel, Grajaú, Barra da Tijuca e Quintino, na capital, e em Itaipuaçu (Niterói). "O projeto é simples, mas eficaz. Comecei sozinho e hoje temos cerca de 60 professores e 400 estudantes. A conquista do aluno é gratificante", diz Silvério.
O aposentado Frederico Cunha, com o domínio em Economia, passou a lecionar educação financeira. "Quando compartilhamos conhecimento, melhoramos as pessoas", explica o voluntário.
Para os professores de Física e Português, respectivamente Bruno Melo e Pedro Laranjeiras, a ação é uma forma de mudar a vida de quem participa. "A educação tem o poder de nos conduzir para fora da nossa zona de conforto, porque vai muito além da própria matéria, é cidadania, é a relação com o outro", diz Pedro. "A escola pública tem esteriótipos, mas os alunos têm vontade de aprender. Basta um empurrãozinho."
As aulas acontecem de segunda a sábado, das 8h às 15h, nas praças Compositor Mauro Duarte (Botafogo), Edmundo Bittencourt (Copacabana), Praia do Flamengo, Edmundo Rego (Grajaú), Soldado Geraldo da Cruz (Barra) e dos Gaviões (Itaipuaçu). Em breve, estará em Quintino e onde mais houver interessados. Basta entrar em contato com os coordenadores pelo www.facebook.com/AdoteUmAlunoBotafogo e pedir as orientações.
Sem limite de idade para retomar antigo sonho
Na corrida para ingressar em uma faculdade, Vinícius de Almeida, de 18 anos, e a recepcionista Maria Zenaide, de 40 anos, começaram as aulas de reforço desde que a ação chegou em Vila Isabel. Para ambos, as aulas foram grandes aliadas, já que não podiam pagar pelo reforço.
"Eu estava sem dinheiro para pagar um cursinho e as aulas me ajudaram muito no Enem, na parte de Português e Redação, e semana que vem, me ajudará na prova de Química. É um projeto que favorece muita gente", contou Vinícius.
"Quero fazer faculdade de Psicologia, mas tenho bastante dificuldade em Matemática, e como eu não podia pagar aulas particulares, tive medo de não conseguir passar no vestibular. Eu me sinto privilegiada por poder aprender e ter professores tão bons que me ajudam de graça. Aprendi tanto que meus dois filhos também aderiram ao reforço na praça", completou Maria.