Açougue no Bairro de Fátima, Centro do Rio: a vitrine estampa as ofertas, mas não atrai os clientes - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Açougue no Bairro de Fátima, Centro do Rio: a vitrine estampa as ofertas, mas não atrai os clientesEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Anderson Justino
Rio - A alta no preço da carne bovina deu lugar a esperança, neste fim do ano, para quem trabalha no mercado pesqueiro. Enquanto os açougues e supermercados reclamam da baixa demanda de clientes, peixeiros e pescadores aguardam ansiosos pelo aumento na procura por peixes e seus derivados. Muitos acreditam que vender mais peixes no último mês do ano será o verdadeiro ‘milagre da multiplicação’. “São Pedro está do nosso lado”, brinca um pescador da colônia de pescadores Z-10, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio.

Em Niterói, no Mercado São Pedro, a movimentação nos quiosques ainda é pequena. Mesmo assim, as promoções já estão sendo anunciadas. O objetivo é para atrair a clientela, é o que explica um peixeiro. “Aqui a gente ainda pode abaixar o valor do peixe. A ideia é trazer as pessoas para comprar mais carne de peixe. O desconto está garantido”.

O preço da sardinha, por exemplo, está sendo vendido entre R$ 8 e R$ 11. Outro peixe também procurado pelo público, a corvina, está com valor entre R$ 12 e R$ 15 o quilo. Já o salmão, considerado como carne nobre, varia entre R$ 45 e R$ 50. “Aqui no mercado São Pedro nós temos o salmão mais barato do Rio. Pode acreditar nisso”.

De Niterói para a Ilha do Governador. O sorriso estampado no rosto do comerciante Danilo Henrique é o registro da felicidade de quem aguardava ansiosamente pelo aumento de sua clientela. Com a sua banca montada na entrada da colônia dos pescadores no bairro Ribeira, comemora as vendas. “O mesmo cliente que veio aqui no ano passado está encontrando o mesmo valor no pescado deste ano. Estou muito feliz com o aumento nas vendas. Ruim para uns, bom para outros, principalmente para mim. As entregas em restaurantes da região aumentaram, toda hora o motoboy leva peixes e camarões”, explica.

Segundo o comerciante, apesar do aumento, a procura ainda é por peixes de baixo custo. “A única diferença na carne do pescado é saber qual tem mais espinhas. O peixe é muito mais saudável. É lógico que as pessoas buscam por peixes mais baratos, mas com essa procura, a gente faz promoção para o nosso cliente sair mais feliz”, brinca Danilo.

Se por um lado a alta no preço da carne vermelha está assustando os consumidores, a estabilidade no pescado vem sendo comemorada. O camarão, por exemplo, tem sido o desejo do comprador. “Se eu vou pagar R$ 40 no preço da carne vermelha e posso pagar esse mesmo preço no camarão, é lógico que irei escolher o camarão. Não é todo dia que isso acontece”, diz o aposentado Edivaldo Ferreira.

O economista e professor da FGV Mauro Rochlin explica que é preciso a população estar sempre em alerta para o aumento nas demandas de determinados produtos. Ele usa a frase ‘efeito transbordamento’ para explicar o fenômeno que vem acontecendo no Brasil. “Existe a lei de oferta e demanda. A questão é: tem mais demanda, o preço será maior. É isso que está acontecendo hoje no Brasil. A China passou a comprar mais carnes num momento em que o dólar teve está acima do valor de mercado e isso mexe com a economia interna do país. Infelizmente quem sente no bolso é quem vive no Brasil. O que vai acontecer é o famoso ‘efeito transbordamento’. As pessoas vão passar a procurar por outros produtos e, esses também sofreram reajustes”.

Rochlin recomenda que as pessoas escolham por outras alternativas, mas que tenham calma na hora da decisão final.

A alta da carne vermelha vem movimentando outros setores. Há mais de 49 anos vendendo ovos no Centro de Niterói, o comerciante Antônio Chandre diz que houve aumento na procura e na tabela de preços. “O ovo tem sido a válvula de escape para algumas pessoas, mas engana-se quem pensa que os preços estão bons para nós e até mesmo para eles. Os produtores aumentaram os valores de venda. Isso peça no bolso do consumir. A gente tenta fazer o nosso melhor na hora da venda”.

O comerciante explica que até semana passada estava vendendo a dúzia de ovos por R$ 3 e teve que subir o preço para R$ 5.30.

A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) explica que a elevação dos preços nos últimos meses deverá refluir em algum momento. Mesmo assim, os valores não devem se equiparar aos do início do ano, por exemplo.  
Comparação de preços: mais procurados 
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Peixes
Sardinha - entre R$ 8 e R$ 11
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Corvina - entre R$ 12 e R$ 15
Tilápia - entre R$ 12 e R$ 15
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Filé de pescada - entre R$ 24 e R$ 26
Filé de Salmão - entre R$ 45 e R$ 50
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Camarão - entre R$ 30 e R$ 40
Carnes - supermercados
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Acém - entre R$ 15 e R$ 20
Lagarto - entre R$ 15 e R$ 20
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Alcatra - entre R$ 25 e R$ 30
Contra Filé - entre R$ 30 e R$ 35
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Picanha - entre R$ 35 e R$ 45