Em assembleia, trabalhadores decretam greve de 48 horas em clínicas da família do Rio - Arquivo pessoal
Em assembleia, trabalhadores decretam greve de 48 horas em clínicas da família do RioArquivo pessoal
Por Beatriz Perez e Waleska Borges
Rio - Em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira na quadra da Unidos da Tijuca, na região central do Rio, os trabalhadores da saúde decretaram paralisação de 48 horas nas 210 clínicas da família do município. Agentes comunitários de saúde, enfermeiros e médicos da atenção básica decidiram não trabalhar na terça-feira e na quarta-feira em protesto contra dois meses de salário atrasado. 
Para quarta-feira está marcada uma outra assembleia, após audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para deliberação da categoria sobre o prosseguimento da greve.
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Além da paralisação completa das clínicas da família por 48 horas (terça e quarta-feira), a assembleia também decidiu pela redução da greve para 30% presencial e 70% não-presencial nas Emergências e Urgências da Rede Municipal de Saúde.
O diretor do sindicato dos médicos Dario Pontes disse que dois meses de atraso de salário, falta de insumos e medicamentos e não pagamento do décimo terceiro motivaram a paralisação. 
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De acordo com o presidente do SinMed, Alexandre Telles, há cerca de 15 mil profissionais com salários atrasados. São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de clínicas da família, hospitais e emergência e urgência e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
"Apenas as clínicas da família vão entrar em paralisação de 48 horas. São unidades que não têm serviços de urgência e emergência. São atendimentos ambulatoriais, com hora marcada", explicou Telles.
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Ainda conforme o presidente do SinMed, essas unidades são administradas por organização social (OS), que não estariam recebendo os repasses da prefeitura.
"Isso é o verdadeiro desmonte da saúde pública, que não está sendo vista como prioridade. Há vários profissionais, como técnicos de enfermagem e agentes comunitários que estão sem receber o salário, vale transporte e tíquete alimentação. Eles já não estão conseguindo ir trabalhar", lamentou Telles.
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O TRT determinou novo embargo de contas da Prefeitura do Rio. É o segundo bloqueio de verba do município em menos de um mês. A ação é pagar o salário dos servidores municipais da saúde.
Procurada, a prefeitura informou que o pagamento dos empregados das OSs será decidido pela Justiça. "Em audiência no TRT, os sindicatos se comprometeram com a Justiça a manter 50% do efetivo trabalhando nas unidades de saúde do Município", diz o documento.
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Ex-funcionário faz protesto acorrentado

O técnico de enfermagem André Prazeres, de 49 anos, se acorrentou à porta do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, para protestar. Ele era funcionário da unidade e afirma ter sido demitido por se manifestar contra os salários atrasados.
Andre Luiz Prazeres se acorrentou à porta do Albert Schweitzer em protesto contra a falta de pagamentos - Reginaldo Pimenta


André usou um jaleco com as frases "SOS Saúde", "Justiça já" e "Fora "OS". Outros funcionários e pacientes do hospital reclamaram sobre o atendimento. "Também me acorrentei pela desvalorização da enfermagem. Não temos estrutura para trabalhar, falta medicação", disse Prazeres.

De acordo com a Secretaria municipal de Saúde (SMS), André Prazeres foi contratado para uma vaga temporária, substituindo uma funcionária de licença. O contrato dele teria sido encerrado. "Com o retorno da profissional e as constantes reclamações sobre o técnico de enfermagem, optou-se por encerrar o contrato, pensando no bem-estar dos pacientes", informou a secretaria no comunicado.
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Na tarde desta segunda-feira, alguns manifestantes protestam contra os atrasos salariais na Avenida Francisco Bicalho, no Centro da cidade. De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), parte do trânsito foi bloqueado às 16h48, já às 17h31, o grupo teria liberado totalmente o trecho que dá acesso ao Gasômetro.
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Paralisação no Albert Schweitzer
Sem receber, os funcionários terceirizados do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Oeste do Rio, entraram em greve nesta sexta-feira (6). Por volta das 17h, uma das emergências da unidade foi fechada.  O atendimento só era feito apenas em casos graves e urgentes. No sábado de manhã eles voltaram ao trabalho. Os funcionários dizem que estão com os salários de outubro e novembro atrasados e também ainda não receberam nenhuma parcela do 13º salário.
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