Cerca de 80% das casas e dos bares do local foram interditados - Anderson Justino
Cerca de 80% das casas e dos bares do local foram interditadosAnderson Justino
Por Anderson Justino

Rio - Uma operação comandada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Incêndio da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) provocou o fechamento temporário do maior reduto de prostituição do Rio de Janeiro, a Vila Mimosa, na Praça da Bandeira. O motivo foi a documentação irregular de quase todos os estabelecimentos junto ao Corpo de Bombeiros, além de riscos de incêndio. Cerca de 80% dos bares e das casas de entretenimento fecharam as portas à tarde.

Proprietários e funcionárias dos estabelecimentos reclamaram, já prevendo os prejuízos acarretados pela interrupção dos serviços no local. O Corpo de Bombeiros esclareceu que os locais onde havia irregularidades foram notificados. A medida determina que as casas têm até 90 dias para se adequarem às exigências para um funcionamento seguro. Até lá, as casas ficam temporariamente fechadas. Caso não haja a regularização dos estabelecimentos após os prazo determinado pelos Bombeiros, os mesmos serão interditados.

Presidente da CPI do Incêndio, o deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) considera o espaço de lazer uma "bomba-relógio" prestes a explodir e causar a morte de centenas de pessoas.

"Esse local é completamente inapropriado para o funcionamento. São instalações precárias, com risco de incêndio a qualquer momento. É um espaço inadequado para receber qualquer tipo de pessoa. Imagine se, em dia de grande movimentação, acontecer um acidente?", questionou Knoploch.  

O deputado Rodrigo Amorim (PSL) relatou que os parlamentares encontraram um caderno com informações que remetem a crimes de exploração sexual.

"Não é só o risco de incêndio o que nos preocupa. Identificamos muitas coisas erradas. Algumas pessoas aqui estão cometendo crimes graves", afirmou Amorim.

Fechamento gera incerteza

A Vila Mimosa foi instalada na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio, em janeiro de 1996. O local, segundo representantes da Associação de Moradores do Condomínio e Amigos da Vila, recebe cerca de 4.500 mulheres, em sistema de rodízio.
Publicidade
 
Cerca de duas mil pessoas, entre clientes e funcionários dos bares, circulam diariamente pelo local. Com o fechamento temporário, centenas de garotas de programas reclamam do prejuízo.
Publicidade
 
Mãe de seis filhos, Lívia (nome fictício), de 29 anos, explica o que significa estar ali. "A Vila Mimosa é minha vida. É desse local que eu tiro o sustento da minha casa, dos meus filhos. Se não posso trabalhar, não terei dinheiro para pagar as contas. Amanhã (hoje), seria o dia que eu iria ao mercado fazer compras, mas isso não vai acontecer".
Publicidade
 
Moradora do Complexo do Alemão, Lívia trabalha no local há pelo menos um ano, desde que perdeu seu emprego como frentista.
Publicidade
 
Fogo na '4 por 4' originou CPI

De acordo com o presidente da CPI do Incêndio, deputado Alexandre Knoploch, foi necessária a instalação de uma comissão de investigação para apurar os inúmeros incêndios que acometeram o Rio nos últimos meses.

A CPI receberá, amanhã, representantes da Whiskeria 4 por 4; do IML; do Ministério Público; dos Bombeiros; da Defensoria Pública; e da Polícia Civil, além de testemunhas que estavam no local no momento do incêndio. Knoploch pretende, com a oitiva, aprofundar o debate sobre o caso que vitimou bombeiros, em outubro deste ano.

"Precisamos conhecer a fundo a investigação sobre o incêndio na whiskeria. Quatro bombeiros morreram e dois se feriram ao realizar o seu trabalho. É inadmissível que isso aconteça. É necessário rigor na busca pelas causas dessas mortes e pelos fatores responsáveis pelo ocorrido, evitando que casos similares voltem a acontecer", ressaltou o deputado.

 

Você pode gostar
Comentários