Vitor Martins da Cunha - Arquivo Pessoal
Vitor Martins da CunhaArquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - Após 19 dias de apreensão e sofrimento, o pedreiro Vitor Martins da Cunha, de 34 anos, foi liberado nesta quinta-feira do Presídio Tiago Teles, em São Gonçalo. Em casa, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Rio, a família preparou recepção especial para o rapaz, que se emocionou ao falar sobre o tempo longe da esposa Caroline Souto, de 30, e da filha Maria Rosa, de 9.

"A pior parte foi ter que deixar a minha família aqui fora. Só pensava dia e noite no que poderia estar faltando para eles. Foram os piores dias da minha vida", contou Vitor, que dividiu a cela com dois detentos. Ele foi preso em 23 de novembro depois de pedir um carro de aplicativo para dois homens que se diziam perdidos. Na corrida, eles roubaram o motorista e o caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande). O pedreiro foi o único preso, acusado de participação no crime.

"Eram dois jovens que me pararam pedindo informações. Disseram que moravam em Sepetiba e não sabiam como voltar para casa. Eles pediram para eu chamar um carro no aplicativo, com o pagamento em dinheiro. Eu tive a intenção de ajudá-los", lembrou Vitor. "Não tive nenhuma participação no assalto. Quando os policiais chegaram para me levar, eu nem entendi por que estava sendo preso".

Na terça-feira, o Ministério Público pediu a soltura de Vitor, depois de uma matéria exclusiva publicada pelo O DIA. "Em alguns momentos, eu achei que nunca mais ia sair da prisão. Continuo tentando provar que sou inocente e, assim que acabar essa história, pretendo processar o Estado. É preciso uma investigação mais correta da polícia. Primeiro eles prendem para depois entender o que aconteceu", criticou. "O que eu quero é dar o melhor para minha família e conseguir um bom emprego", disse o pedreiro.

'É mais um caso de banalização'

Imagens de câmeras de segurança foram recolhidas pela família para mostrar que os suspeitos chegaram sozinhos à rua em que Vitor foi abordado. A esposa Caroline também recolheu declarações de empregadores.
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Ele coordenava uma obra há um mês e meio em Inhoaíba, na Zona Oeste, interrompida pela prisão: "Na segunda-feira volto para a obra. É com esse dinheiro que mantenho minha família".
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Para o especialista em Direito Penal Taiguara Soares, os indícios da acusação são insuficientes para fundamentar a prisão. Para incriminá-lo, seria necessário comprovar que o pedreiro tinha uma relação com os criminosos. "Ele não tem antecedentes criminais, tem residência fixa, renda de trabalho honesto. É mais um caso da banalização da prisão provisória", defendeu.