Diego Sodré de Castro Ambrósio pagou de sua própria conta um boleto bancário, emitido em nome de Fernanda Antunes Bolsonaro, esposa de Flávio, que ajudou a concluir a compra de um imóvel em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Na época, em outubro de 2016, Ambrósio era cabo da PM. Hoje promovido a terceiro sargento, seu salário ainda é de menos de um terço do valor pago naquele boleto: R$ 4.771,80.
As informações estão no pedido de mandados de busca e apreensão e de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico apresentado pelo MP e autorizados pela Justiça do Rio. A investigação resultou na operação realizada na manhã desta quarta-feira, que cumpriu 24 mandados contra pessoas ligadas ao filho do presidente Jair Bolsonaro e ao seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
A suspeita contra Ambrósio é de que ele tenha ajudado no suposto esquema de lavagem de dinheiro de Flávio Bolsonaro. Além desse boleto, a promotoria fluminense também encontrou outras provas de que o PM tinha relações com o então deputado estadual.
Também em 2016, Ambrósio efetuou transferências financeiras para pelo menos dois assessores de Flávio no Palácio Tiradentes: Fernando Nascimento Pessoa, que ainda trabalha com o senador, e Marcos de Freitas Domingos.
O policial e uma empresa em seu nome também transferiram dinheiro para a empresa Bolsotini Chocolates e Café, da qual Flávio é sócio e que também foi alvo da operação. As transferências se deram entre 2015, ano em que o político abriu a sociedade, e 2018.
A empresa de Ambrósio, Santa Clara Serviços, já foi investigada pela Corregedoria da Polícia Militar por oferecer serviços ilegais de segurança em Copacabana.
A investigação se deu em 2016, quando o jornal O Globo revelou que moradores estariam sendo pressionados a aceitar serviços privados - oferecidos pela Santa Clara - para retirar moradores de rua do bairro. O pagamento mensal seria de R$ 900.
Ambrósio protagoniza um dos seis núcleos esmiuçados pelo MP na investigação tocada após a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio e seus assessores.
Os outros cinco núcleos envolvem o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega e sua família; o ex-assessor Fabrício Queiroz e sua família; a loja de chocolate da qual Flávio Bolsonaro é sócio; o empresário Glenn Howard Dillard, também envolvido no esquema de lavagem por meio de negócios com imóveis; e a família de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro.