O senador Flávio Bolsonaro - Ricardo Cassiano / Agência O Dia
O senador Flávio BolsonaroRicardo Cassiano / Agência O Dia
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - Até então inédito nas investigações do Ministério Público estadual (MPRJ) que miram o senador Flávio Bolsonaro, um PM investigado por oferecer serviços ilegais de segurança pagou uma prestação, no valor de R$ 16.564,81, para quitar a compra de um apartamento feita pelo parlamentar.

Diego Sodré de Castro Ambrósio pagou de sua própria conta um boleto bancário, emitido em nome de Fernanda Antunes Bolsonaro, esposa de Flávio, que ajudou a concluir a compra de um imóvel em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Na época, em outubro de 2016, Ambrósio era cabo da PM. Hoje promovido a terceiro sargento, seu salário ainda é de menos de um terço do valor pago naquele boleto: R$ 4.771,80.

As informações estão no pedido de mandados de busca e apreensão e de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico apresentado pelo MP e autorizados pela Justiça do Rio. A investigação resultou na operação realizada na manhã desta quarta-feira, que cumpriu 24 mandados contra pessoas ligadas ao filho do presidente Jair Bolsonaro e ao seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
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A suspeita contra Ambrósio é de que ele tenha ajudado no suposto esquema de lavagem de dinheiro de Flávio Bolsonaro. Além desse boleto, a promotoria fluminense também encontrou outras provas de que o PM tinha relações com o então deputado estadual.

Também em 2016, Ambrósio efetuou transferências financeiras para pelo menos dois assessores de Flávio no Palácio Tiradentes: Fernando Nascimento Pessoa, que ainda trabalha com o senador, e Marcos de Freitas Domingos.

O policial e uma empresa em seu nome também transferiram dinheiro para a empresa Bolsotini Chocolates e Café, da qual Flávio é sócio e que também foi alvo da operação. As transferências se deram entre 2015, ano em que o político abriu a sociedade, e 2018.
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A empresa de Ambrósio, Santa Clara Serviços, já foi investigada pela Corregedoria da Polícia Militar por oferecer serviços ilegais de segurança em Copacabana.

A investigação se deu em 2016, quando o jornal O Globo revelou que moradores estariam sendo pressionados a aceitar serviços privados - oferecidos pela Santa Clara - para retirar moradores de rua do bairro. O pagamento mensal seria de R$ 900.

Ambrósio protagoniza um dos seis núcleos esmiuçados pelo MP na investigação tocada após a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio e seus assessores.

Os outros cinco núcleos envolvem o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega e sua família; o ex-assessor Fabrício Queiroz e sua família; a loja de chocolate da qual Flávio Bolsonaro é sócio; o empresário Glenn Howard Dillard, também envolvido no esquema de lavagem por meio de negócios com imóveis; e a família de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro.