Léo Motta faz vaquinha virtual para reforma de casa - FOTOS Arquivo pessoal
Léo Motta faz vaquinha virtual para reforma de casaFOTOS Arquivo pessoal
Por Waleska Borges
Rio - Depois de sentir a frieza das calçadas e a dureza do papelão, o ex-morador de rua Léo Motta, de 38 anos, que transformou sua experiência vivendo nas ruas da cidade no livro 'Há vida depois das marquises', está prestes a realizar outro sonho. Nas vésperas do Ano Novo, Léo recebeu uma pequena casa de presente de uma das suas irmãs, por parte do pai biológico, Cristiane Carvalho, de 40. O imóvel, porém, precisa de reformas. E para conseguir se mudar para o local, o ex-morador de rua lançou uma vaquinha virtual.

Casado desde setembro do ano passado e pai de uma recém nascida, Léo vive de aluguel com a família na Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte. Agora, ele vê no presente da irmã a chance de criar a sua filha mais nova, Esther, num local mais seguro. A casa de quarto, sala, cozinha e banheiro está localizada fora de uma comunidade, em Vista Alegre.
"Na comunidade, estamos sempre tensos. Até quando vamos para padaria ou à escola. Estou muito feliz com essa casa. Muita gente paga aluguel a vida toda e não consegue ter um imóvel próprio", conta Léo que, atualmente, vive de aluguel e paga R$500,00 mensais, sendo que está há dois meses com os pagamentos atrasados.
Publicidade
Hoje, Léo Motta sobrevive de palestras e a venda de seu livro. Com isso, ele consegue um salário entre R$ 1.500,00 e R$ 2 mil mensais. Desse valor, ainda paga pensões para três filhos de outros relacionamentos. O ex-morador de rua conta que, com recursos próprios, não conseguiria reformar a casa doada pela irmã.

"Morei nas ruas da cidade por seis meses e sofri muito nessa situação. Em 2017, passei por um acolhimento e mudei de vida. Com essa casa, zera todas as possibilidades de, um dia, ter que morar nas ruas novamente. Mas, sozinho não consigo realizar esse sonho, preciso de ajuda", desabafou.
Léo Motta colocou como meta para realizar o seu sonho a arrecadação de R$10 mil. Ele espera recolher a quantia em 45 dias. Caso consiga mais dinheiro do que esperado, ele pretende usar o restante do dinheiro para financiar o projeto de um segundo livro, onde ele falará sobre sonhos. Segundo Léo, ele não precisa de móveis para colocar na casa.
Publicidade
"Tenho uma geladeira que gela, um fogão que ascende. Então, peço ajuda apenas para reforma. Deixa essa ajuda de móveis para alguém que esteja precisando mais do que eu", comentou. Quem quiser ajudar, basta clicar no link www.vakinha.com.br/vaquinha/depois-das-marquises-ex-morador-de-rua-sonha-em-reformar-a-casa.
Casa atual tem bala alojada
Publicidade
Após conhecer Léo Motta pela página dele internet, Cyssa Motta, de 30 anos, que foi criada na zona rural do Nordeste, se mudou para o Rio para viver o relacionamento. Consciente de que moraria numa comunidade, Cyssa disse que não se assustou com a nova realidade.

Apesar de estar adaptada à comunidade, Cyssa lembrou que, quando morava há apenas nove dias no local, durante um tiroteio, uma bala perdida atingiu a janela da sua casa com Léo e ficou alojada no guarda-roupas.

"Vai ser muito bom criarmos a nossa filha num lugar mais tranquilo. Quero sentar na praça e tomar sorvete sem preocupação", comentou Cyssa.
De lixeira a pequena casa
Publicidade
A futura casa de Léo foi doada pela sua irmã, Cristiane Carvalho, de 40 anos. Atualmente, o imóvel está sem morador e há pelo menos quatro anos é usado como um depósito de material de obra.

"É um terreno da família. Quando ganhei o local do meu pai, era usado como lixeira. Eu e meu ex-marido construirmos a casa e vivemos lá. Depois, mudamos para Vila Isabel, onde meu ex-marido foi criado", contou Cristiane.

A irmã de Léo Motta, que ele só soube da existência no final do ano passado, disse que ele vai precisar vencer os obstáculos do caminho: "Quando mostrei a casa para ele, disse que ele ia ver dificuldades e que não deveria se abater com isso. Eu transformei uma lixeira naquela casa. Agora, ela precisa de reformas", contou Cristiane.