Além de ser um dos baluartes da Portela, Jeronymo cuida dos santos padroeiros da escola
 - fotos de Cléber Mendes
Além de ser um dos baluartes da Portela, Jeronymo cuida dos santos padroeiros da escola fotos de Cléber Mendes
Por RENAN SCHUINDT
O baluarte Jeronymo da Portela, de 68 anos, é um dos componentes mais respeitados da Azul e Branco. Não à toa. Afinal, sua ligação com a escola começou ainda criança. Mesmo contrariado, o menino estava presente em todos os ensaios e festas da escola. Os pais, Tia Jacira e Argemiro do Patrocínio, figuras de extrema importância na história da agremiação, faziam questão de levá-lo. Este ano, além de ganhar um lugar de destaque no desfile da Águia, Jeronymo terá uma missão bastante especial no desfile de uma estreante no carnaval. Ele será o Rei de Bateria da Novo Império, que desfila na Intendente Magalhães. E, apesar de inusitado, esta não é a primeira vez que o sambista assume uma missão como essa. 
Ele não adianta muito sobre os desfiles, mas conta como surgiram os convites. "Na Portela, foram os próprios carnavalescos (Renato e Márcia Lage) que me chamaram. Pelo que me disseram, será algo grandioso, de muita importância para a escola. Para o desfile na Novo Império, o Ney Lopes (presidente) me ligou e disse: você vai ser o rei da nossa bateria! Não tive como negar. Já quero brigar pelo título", diz.
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Esta será a segunda vez que Jeronymo vai desfilar como Rei de Bateria. A primeira foi pelo União do Parque Curicica, há alguns anos. "A presidente da escola bateu no meu portão e disse que a rainha havia abandonado o posto. Pensei que ela iria me pedir uma passista, mas ela disse que só eu saberia levar o desfile de última hora. Isso foi numa sexta-feira e o desfile era num sábado, no Sambódromo", relembra.
No ano passado, o baluarte foi enredo da Arame de Ricardo, outra escola que desfila na Intendente Magalhães. Em sua casa, bem em frente à quadra da Portela, Jeronymo guarda cerca de 100 troféus que acumulou ao longo dos 63 anos de samba. Bandeiras, fotografias e fantasias, fazem parte do acervo pessoal. "Dá um trabalhão limpar um por um. Mesmo assim eu cuido com muito carinho. Esses prêmios provam nosso esforço e trazem boas lembranças", diz.
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Embora tenha sido criado na quadra da Portela, o sambista faz uma revelação. "Eu não gostava de samba. Mas, como não tinha com quem ficar, minha mãe e meu pai me traziam para a quadra. Era a Dodô da Portela quem me segurava para que minha mãe pudesse dançar. Se me deixasse solto, eu corria e ficava agarrado nas pernas dela", conta.
Neto de Tia Marta e primo de Tia Surica, Jeronymo já esteve em diversos países para ensinar a arte do samba no pé. No entanto, o brilho nos olhos vem mesmo quando ele fala sobre a experiência recente que teve em Parintins. "Eu estava sentado. De repente, um dos responsáveis pelo Caprichoso me pediu ajuda. Eles tiveram problemas com os componentes de uma ala. Eu tinha vinte minutos para montar uma coreografia em homenagem aos Orixás. Foi uma loucura só. No final, apesar de ter dado tudo certo, eu era só lágrimas. Ganhei até carteirinha de sócio benemérito", diz, orgulhoso pela homenagem recebida. 
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À frente da Ala Sambart (ala coreografada da Portela) há quase 40 anos. Jeronymo assumiu a organização dos eventos religiosos da agremiação em 2015, após a morte de Dodô da Portela. É ele quem cuida dos santos padroeiros São Sebastião e Nossa Senhora da Conceição. Um dos maiores passistas de todos os tempos, foi também mestre-sala da própria Portela, além de Imperatriz e Jacarezinho. Bailarino de formação, o que pouca gente sabe, trabalhou em casas de shows e na TV.
Em Parintins,virou sócio benemérito
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Neto de Tia Marta e primo de Tia Surica, Jeronymo já esteve em diversos países para ensinar a arte do samba no pé. Mas os olhos brilham quando ele fala sobre a experiência recente que teve em Parintins.“Estava sentado quando um dos responsáveis pelo Caprichoso me pediu ajuda.Eles tiveram problemas com os componentes de uma ala. Eu tive vinte minutos para montar uma coreografia em homenagem aos Orixás.Foi uma loucura. No final deu tudo certo, e eu era só lágrimas. Ganhei até carteirinha de sócio benemérito”, diz,orgulhoso.