Raquel Teixeira do Nascimento, ao lado da vizinha Marina Alves, diz que ela e os vizinhos em Barra de Guaratiba vivem rotina de absurdos  - Cléber Mendes
Raquel Teixeira do Nascimento, ao lado da vizinha Marina Alves, diz que ela e os vizinhos em Barra de Guaratiba vivem rotina de absurdos Cléber Mendes
Por Anderson Justino

Enquanto uns padecem com crise da água encanada pela proliferação da substância orgânica geosmina, outros nem sentem o cheiro do problema. O drama é outro: com a chegada do verão, a falta de água é problema rotineiro em várias regiões do Rio, em bairros das zonas Norte e Oeste e municípios da Região Metropolitana. Nesse período de calor intenso, o cenário é sempre o mesmo: caixas d'água vazias, sufoco e muita reclamação.

Umas das áreas mais afetadas pelo desabastecimento é a Zona Oeste. Em Barra de Guaratiba, por exemplo, a água da chuva vem sendo o único recurso adotado pelos moradores. "Existe todo um processo para conseguirmos guardar a água da chuva. Tem sido nosso socorro nas horas ruins", diz a dona de casa Ana Claudia.

Apesar de todo o aparato montado pelos moradores, o recurso não é suficiente. O fornecimento de água no bairro está precário há pelo menos dois meses. Por conta disso, em algumas casas as torneiras e chuveiros estão servindo, apenas, como objetos de enfeite.

"Aqui em casa, não sai nada da torneira. Lavamos louça com o que pegamos da chuva. Usamos baldes e, mesmo assim, limitando o uso da água. Todo ano é a mesma coisa. Temos que usar reservatório. No período de inverno, o abastecimento ocorre de 15 em 15 dias. Já no verão, é esse caos", reclama Ana Claudia.

Mesmo com os canos secos, as contas continuam chegando. "A gente paga por uma coisa que não tem, é um absurdo essa situação. O problema em algumas ruas é questão de manobra. Isso é antigo, sempre aconteceu", desabafa a moradora Raquel de Oliveira Teixeira.

As louças e roupas sujas ficam acumuladas e a ordem dentro das casas é não desperdiçar. Água para beber ou fazer comida, apenas as que saem das prateleiras dos mercados. Com uma criança pequena em casa, Patrick Santos precisa se deslocar até a Ilha de Guaratiba para conseguir água potável.

Cedae planeja obras na Zona Oeste
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A Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa) esclareceu por nota que exige que a Cedae apresente, anualmente, plano de contingência para o verão. E completou: "De 1º a 16 de janeiro de 2020, a Ouvidoria da Agenersa registrou 29 ocorrências sobre falta de água, número inferior ao registrado em janeiro de 2019, que foi de 211 reclamações".
Sobre o problema na Rua Chico Buarque, em Barra de Guaratiba, a Cedae explicou que o abastecimento de parte da rua pode sofrer flutuações devido ao aumento do consumo, causado pelas fortes temperaturas.
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A empresa ainda informou que assinou termo de cooperação técnica para complementação de parte do sistema de abastecimento de água da Zona Oeste. A ampliação deverá beneficiar cerca de um milhão de moradores em Barra de Guaratiba, Guaratiba, Pedra de Guaratiba, Sepetiba, Santa Cruz, Paciência, Cosmos, Campo Grande e Inhoaíba. A obra deve ter início em março e deverá ser concluída em nove meses.
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