Enquanto uns padecem com crise da água encanada pela proliferação da substância orgânica geosmina, outros nem sentem o cheiro do problema. O drama é outro: com a chegada do verão, a falta de água é problema rotineiro em várias regiões do Rio, em bairros das zonas Norte e Oeste e municípios da Região Metropolitana. Nesse período de calor intenso, o cenário é sempre o mesmo: caixas d'água vazias, sufoco e muita reclamação.
Umas das áreas mais afetadas pelo desabastecimento é a Zona Oeste. Em Barra de Guaratiba, por exemplo, a água da chuva vem sendo o único recurso adotado pelos moradores. "Existe todo um processo para conseguirmos guardar a água da chuva. Tem sido nosso socorro nas horas ruins", diz a dona de casa Ana Claudia.
Apesar de todo o aparato montado pelos moradores, o recurso não é suficiente. O fornecimento de água no bairro está precário há pelo menos dois meses. Por conta disso, em algumas casas as torneiras e chuveiros estão servindo, apenas, como objetos de enfeite.
"Aqui em casa, não sai nada da torneira. Lavamos louça com o que pegamos da chuva. Usamos baldes e, mesmo assim, limitando o uso da água. Todo ano é a mesma coisa. Temos que usar reservatório. No período de inverno, o abastecimento ocorre de 15 em 15 dias. Já no verão, é esse caos", reclama Ana Claudia.
Mesmo com os canos secos, as contas continuam chegando. "A gente paga por uma coisa que não tem, é um absurdo essa situação. O problema em algumas ruas é questão de manobra. Isso é antigo, sempre aconteceu", desabafa a moradora Raquel de Oliveira Teixeira.
As louças e roupas sujas ficam acumuladas e a ordem dentro das casas é não desperdiçar. Água para beber ou fazer comida, apenas as que saem das prateleiras dos mercados. Com uma criança pequena em casa, Patrick Santos precisa se deslocar até a Ilha de Guaratiba para conseguir água potável.