Cláudia relata como tem sido a experiência de estar nas Filipinas durante a pandemia do coronavírus - Arquivo Pessoal
Cláudia relata como tem sido a experiência de estar nas Filipinas durante a pandemia do coronavírusArquivo Pessoal
Por Luísa Bertola*
Rio - A carioca Cláudia Sônia Arantes, de 53 anos, faz um apelo às autoridades brasileiras para deixar as Filipinas, onde chegou no último dia 13. Ela viajou sozinha do Rio de Janeiro para o continente asiático no domingo de Carnaval e percorreu três países. Na sua passagem por Myanmar e pela Malásia não teve problemas com o surto do coronavírus. Quando a turista chegou ao seu destino final, Filipinas, que o problema começou após as fronteiras serem fechadas tanto para entrada quanto para saída.
Segundo ela, no dia 13 de março, quando ela ainda estava na ilha de Borocay, a quase 450 quilômetros da capital Manila, o presidente do país, Rodrigo Duterte afirmou que todas as fronteiras seriam fechadas e os estrangeiros não iriam mais sair. Dois dias depois, o presidente mudou o decreto e os estrangeiros teriam 72 horas para sair do país, caso contrário, o governo entende que o estrangeiro deseja permanecer no país durante o período de quarentena.  
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A brasileira saiu da ilha de Borocay de barco e conseguiu chegar a Caticlan, ontem, dia 17. A ideia era chegar ao aeroporto de Clark, um dos dois aeroportos internacionais que continuou aberto, para depois ir para a capital Manila. Segundo ela, ao chegar ao terminal o problema também foi grande, pois o aeroporto é muito pequeno e só entram pessoas que vão embarcar. O voo para Manila pela Air Asya, que já estava comprado, foi cancelado e não houve aviso ou auxílio da companhia. 
A todo momento Cláudia procurou a embaixada e criticou a postura do órgão, que não fez nada por ela e por mais sete brasileiros que ela conheceu na região. Segundo a turista, eles só relatavam o que ela já sabia através dos jornais locais. "Eu liguei para lá e ela só me passava as notícias que eu já sabia. Não fizeram nada para os brasileiros saírem de lá", desabafou. 
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Depois de mais de 8h dentro do aeroporto de Caticlan, uma funcionária da companhia anunciou os nomes dos passageiros do voo cancelado e foram disponibilizados sete ônibus para o trajeto até aeroporto de Manila. Ela contou ter sentido medo do ônibus que ela estava não conseguir entrar na capital por conta do isolamento. Cláudia conseguiu chegar a Manila nesta terça-feira e também relatou como tem sido sua experiência na capital que está isolada e em quarentena.

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Aeroporto de Manila com tudo fechado por conta do coronavírus Arquivo Pessoal
Cláudia relata como tem sido a experiência de estar nas Filipinas durante a pandemia do coronavírus Arquivo Pessoal
Cláudia relata como tem sido a experiência de estar nas Filipinas durante a pandemia do coronavírus Arquivo Pessoal
Cláudia relata como tem sido a experiência de estar nas Filipinas durante a pandemia do coronavírus Arquivo Pessoal
Aeroporto 'parecia cemitério' e 'cidade fantasma'
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Ela pensou em ficar no aeroporto até dia 21, quando seu voo até Dubai sai e ela volta para o Brasil, mas após falar com amigas por telefone, elas a aconselharam a procurar um hotel e ficar isolada. Cláudia contou que o aeroporto estava quase todo fechado.
"Parecia um cemitério, com todas as lojas fechadas, só alguns pontos de comida abertos, um caos total". Quando ela reservou um hotel pelo celular, após ficar mais de 24h sem comer direito e sem dormir, também não conseguiu um carro que a levasse, já que a região está isolada. 
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Depois de muita insistência, a turista conseguiu um carro. "Paguei uma fortuna, mas precisava sair do aeroporto, que é grande foco dessa doença", reforçou ela. Quando ela chegou ao hotel, ela dormiu e depois saiu para comer algo. Ela relatou que andar nas ruas era uma sensação assustadora. "Tinha um pouco de gente na rua, mas parecia uma cidade fantasma, com tudo fechado, poucos lugares para comer e apenas supermercados aberto". 
A carioca também sentiu os olhares estranhos dos moradores que estavam na rua: "Eles me olhavam pensando: 'o que que essa louca está fazendo aqui?'", falou.
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Ela contou que até dia 21, no sábado, ela vai ficar em autoisolamento dentro do quarto do hotel, mas que as vezes sente como se tivesse alguns sintomas da doença. Cláudia relatou que tem um aparelho para medir a febre, "toda hora eu uso, mas não acusa nada", contou ela que afirma não estar com coronavírus.  

Procurado pelo O DIA, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que os consulados e embaixadas do Brasil acompanham de perto a situação gerada por eventuais fechamentos de fronteiras devido a pandemia de coronavírus, com especial atenção à situação dos turistas brasileiros.

Segundo o Itamaraty, os brasileiros no exterior devem manter a calma e observar as medidas determinadas pelas autoridades locais, e que, se necessário, buscar contato direto com o Consulado ou Embaixada do Brasil responsável pela região.

Em relação aos brasileiros nas Filipinas, o órgão afirmou que a embaixada mencionada compilou uma lista dos brasileiros que tentam deixar o país, com dados de local onde se encontram e meios de contato, e busca, junto às autoridades locais (Secretaria de Turismo e Departamento de Negócios Estrangeiros) solucionar a situação de todos os brasileiros naquele país que tenham solicitado assistência.
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*Estagiária sob supervisão de Adriano Araujo e Cadu Bruno