A alta procura por álcool gel no combate à contaminação pelo coronavírus fez com que o produto sumisse do mercado. Mas no comércio informal, começou a pipocar, no estado do Rio, ofertas de álcool gel sem procedência. Por conta disso, o Conselho Regional Química da Terceira Região (CRQ3) lançou um alerta: 'Não comprem produto de procedência duvidosa. Valorize sua vida'.
Para o presidente do CRQ3, Rafael Almada, o uso do produto não regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode acarretar problemas sérios de saúde. "Um produto de procedência duvidosa pode facilitar ainda mais a contaminação da covid-19 e outras doenças. A questão é que não se pode confiar em produtos químicos que não sejam regulamentados. É importante saber quais laboratórios produzem, se estão cumprindo as normas exigidas e se existe a assinatura de um químico responsável", explica.
Desde o início da semana, agentes de segurança realizam ações para identificar pontos de venda e os responsáveis pelo comércio ilegal. Até ontem, mais de mil frasco do produto foram apreendidos na capital, por agentes da Guarda Municipal. A maior parte deles era uma mistura de álcool líquido com gel para cabelo. Além da capital, houve apreensões em cidades da Baixada e das regiões dos Lagos e Serrana.
Nas ruas do Centro e no subúrbio do Rio, o produto é oferecido por ambulantes a R$ 5. Apesar do preço abaixo do mercado, "é preciso ter muito cuidado para não comprar gato por lebre, como se diz", previne Almada.
Na região da Central do Brasil, um ambulante vende álcool gel 80% para acender carvão de churrasco. "A irresponsabilidade é um perigo para quem adquire o produto", reitera o químico. "Eles conseguem rótulos de pequenas empresas e dizem que são autorizados. Álcool gel, só o 70% de uso hidratante".
ALERTAS
Em nota, a Anvisa alerta que o álcool gel para higienizar mãos precisa de sua autorização para que as indústrias possam produzi-lo. É preciso também conferir se no rótulo há o registro da Anvisa. Já a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses orienta que o consumidor só compre esse álcool em estabelecimentos autorizados, como drogarias, farmácias e lojas do comércio varejista.
Já a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses orienta aos consumidores que comprem produtos químicos apenas nos estabelecimentos autorizados para a comercialização, que são drogarias, farmácias e lojas do comércio varejista. “Na hora da compra, o consumidor precisa conferir no rótulo se o produto tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e qual a finalidade, que deve ser gel antisséptico para as mãos. É preciso estar atento para a data de fabricação e validade do produto”.
Essa autorização é temporária e faz parte das ações de proteção para o enfrentamento da emergência de saúde de importância internacional em decorrência do novo coronavírus. A Resolução da Diretoria Colegiada 347/2020, que regulamenta o tema, foi publicada ontem no Diário Oficial da União.
Abrangência
As farmácias de manipulação já têm expertise para a manipulação de medicamentos e outros produtos. Com a decisão, as farmácias magistrais, como também são conhecidas, poderão preparar álcool etílico 70% (p/p), álcool etílico glicerinado 80%, álcool gel, álcool isopropílico glicerinado 75%, água oxigenada 10 volumes e digliconato de clorexidina 0,5%.
Todas essas fórmulas são preparações antissépticas ou sanitizantes que podem ser utilizadas no combate ao coronavírus. Até então, somente indústrias de cosméticos podiam fabricar esses produtos, com necessidade de autorização da Anvisa.