Prefeitura prevê instalação de um hospital de campanha em terreno anexo ao Pedro II - Divulgação
Prefeitura prevê instalação de um hospital de campanha em terreno anexo ao Pedro IIDivulgação
Por Danillo Pedrosa

Região mais afetada pelo novo coronavírus na capital, a Zona Oeste já recebeu dois hospitais de campanha (Riocentro e Parque dos Atletas, na Barra), mas a maioria dos bairros ainda sofre com a falta de leitos para atender a população. A Prefeitura já prometeu a construção de outra unidade de saúde provisória em Santa Cruz, mas apenas quando todos os leitos da cidade estiverem ocupados, decisão que preocupa moradores do local e proximidades. 

Segundo a Secretaria Municipal de Ordem Pública, todos os trâmites burocráticos já foram cumpridos junto ao Comando Militar do Leste para a montagem do hospital de campanha das Forças Armadas ao lado do Pedro II, em Santa Cruz. A unidade seria instalada em 24 horas, mas apenas em caso de esgotamento da rede. 

A decisão revolta Juarez Senna, morador de Santa Cruz, que considera a instalação do hospital uma necessidade urgente para a região. "Santa Cruz é o último bairro do Rio de Janeiro. Não temos serviços essenciais em tempos normais, transporte, saúde, segurança etc. Agora, essa visão de aguardar o pior acontecer para ter necessidade de uma atenção. Olhem para a Zona Oeste com respeito, somos gente também, ou só somos lembrados na época de campanha eleitoral? Vamos lembrar de tudo isso nas urnas".

O drama se estende também a quem vive nos bairros vizinhos, como Campo Grande, onde mora Roberto Mendes, de 28 anos. Para ele, a construção da nova unidade de saúde poderia ajudar toda a região, já que evitaria a superlotação de outros hospitais.

"Seria de vital importância (a instalação do hospital), porque desafogaria o Pedro II e também o Rocha Faria, aqui em Campo Grande, já que o pessoal de bairros vizinhos, como Inhoaíba e Cosmos, precisa vir para cá, aí dividiria um pouco", disse o designer gráfico.

Com a criação de dois hospitais de campanha, a Zona Oeste ganhou 700 novos leitos, ambos na região administrativa da Barra. No Riocentro, foram 500, em unidade montada pelo Estado. Já no Parque dos Atletas, foram 200, criados pela Rede D'Or.

 

Reivindicação antiga em Guaratiba
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Um dos bairros mais populosos do Rio, Guaratiba luta por leitos hospitalares muito antes da pandemia. Apesar dos mais de 110 mil habitantes, segundo o último Censo (2010), o local não possui unidades de saúde pública ou UPAs para emergências, e moradores precisam recorrer a bairros vizinhos.
No dia 7 de maio, foi apresentado na Alerj, de autoria dos deputados Carlo Caiado (DEM), Jorge Felippe Neto (PSD) e Lucinha (PSDB), um projeto de lei que prevê a criação de um hospital de campanha modular em Pedra de Guaratiba.
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Presidente da Associação de Moradores do Rio Piraquê, Eder Britto, de 46 anos, reforça a necessidade da construção de um hospital de emergência na região.
"Pedimos uma UPA, mas é difícil chegar. Com a criação desses hospitais de campanha, sonhamos com essa ajuda. Seria muito importante e atenderia vários bairros", disse Eder.
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Em emergências, moradores de Guaratiba chegam a levar cerca de 40 minutos para buscar atendimento, geralmente em Campo Grande ou Santa Cruz.
"Há muitos anos, a gente vem lutando por um hospital ou uma UPA em Guaratiba. Se acontece algo muito grave, pode não dar tempo de chegar no Rocha Faria ou Pedro II", explica Marco Farinha, uma liderança conhecida entre os moradores do bairro.
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