Relatório aponta sobrepreço em 35 contratos firmados pela Secretaria Estadual de Saúde com cinco empresas  - Reprodução internet
Relatório aponta sobrepreço em 35 contratos firmados pela Secretaria Estadual de Saúde com cinco empresas Reprodução internet
Por Anderson Justino

Julio R. é médico da área de Clinica Geral há quase dez anos, em um hospital público na zona norte do Rio. Há cerca de dois meses mudou radicalmente sua rotina de trabalho e está atuando no combate à pandemia do novo coronavírus. Ele preferiu não se identificar, mas deu seu depoimento, por estar entre os poucos profissionais da área da Saúde que não foram diagnosticados com a covid-19 e seguem trabalhando. Segundo o médico, desde o início da crise, as equipes atuam no limite, muitos até sem os principais equipamentos de proteção individuais para garantir a própria segurança.

Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgados ontem, mostram que o Estado do Rio está em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo, no número de denúncias feitas por médicos de unidades para pacientes com o novo coronavírus. O CFM lançou uma ferramenta online para que os profissionais possam encaminhar suas reclamações. Em apenas uma semana foram 245 denúncias no Rio.

Falta de EPIs; insuficiência de álcool gel, de exames para covid-19; além da carência de equipes de enfermagem (enfermeiros e técnicos) foram as principais reclamações. "Para enfrentar a pandemia, nos adaptamos ao contexto de excepcionalidade, com a autorização do uso da telemedicina e mudança nos critérios de UTIs, mas nunca abrimos mão de uma coisa: os gestores devem estar comprometidos com a segurança dos profissionais", afirmou o presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro.

Em nota o Conselho Regional do Rio (Cremerj) disse que mantém um canal de denúncia, através de seu site. No mês passado, um levantamento feito pelo órgão mostrou que 11 médicos haviam morrido no estado em função da covid-19.

A Secretaria de Estado de Saúde diz que "as unidades estão abastecidas de equipamentos aprovados pela Anvisa. Já a Secretaria municipal de Saúde do Rio diz que os hospitais "já começaram a receber o reforço de mais de um milhão de EPIs comprados na China".

Estado do Rio cria lei sobre EPI
Publicidade
O governador Wilson Witzel sancionou, ontem, o projeto de lei que obriga o próprio estado a fornecer equipamentos de proteção, como luvas, máscaras e álcool gel para policiais civis, militares, agentes do Programa Segurança Presente, agentes penitenciários e funcionários do Degase.
A lei se estende para profissionais dos setores essenciais, como unidades de saúde; restaurantes; coleta de lixo; pet shops; postos de combustível; bancos; lojas de materiais de construção e supermercados.
Publicidade
Nesse caso, os empregadores serão obrigados a fornecer os materiais aos funcionários. O descumprimento da medida prevê multa de R$ 700.
Você pode gostar
Comentários