Não durou nem um mês. Depois de um novo embate de um ministro da Saúde com Jair Bolsonaro, Nelson Teich, decidiu pedir demissão do cargo. Foram 28 dias à frente da pasta responsável por coordenar o combate ao novo coronavírus, que já matou quase 15 mil pessoas no país. Entre as divergências está o uso da cloroquina no tratamento da covid-19. A despedida aconteceu, ontem, durante pronunciamento, em que o oncologista ressaltou a importância do SUS, mas não justificou o motivo de sua saída.
"A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair. Dei o melhor de mim neste período. Não é simples estar à frente de um ministério como esse num momento difícil. Quero agradecer o meu time, que sempre trabalhou intensamente por esse país", disse o ex-ministro em sua despedida.
Teich afirmou que deixou um plano de trabalho pronto para auxiliar os secretários estaduais e municipais para tentar entender o que está acontecendo e pensar próximos passos.
A saída do ex-ministro Teich já era esperada, pois além da discordância com Bolsonaro contra a recomendação irrestrita da cloroquina no tratamento da covid-19, também há os posicionamentos do presidente sobre a necessidade do afrouxamento das regras de isolamento social.
O oncologista assumiu a pasta após a saída de Luiz Henrique Mandetta, que teve os mesmos pontos de divergências com o presidente. O general Eduardo Pazuello, secretário-executivo do Ministério da Saúde, é o ministro interino.
Tiro pela culatra
A saída de mais um ministro pode custar caro para Bolsonaro. Isso porque após a saída do médico, o apoio do Centrão no Congresso é dúvida. Um dos líderes do conjunto de partidos políticos, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), divulgou nota ontem criticando os "impulsos" do presidente na condução da crise do coronavírus. No Congresso, representantes do grupo já afirmam que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL intensificaram negociações para ocupar cargos no ministério.
