Enquanto a defesa do empresário Mário Peixoto aguarda a decisão para que a prisão preventiva dele, ocorrida durante a deflagração da Operação Favorito, seja convertida em domiciliar (por estar em grupo de risco da covid-19), o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, braço direito do governador Wilson Witzel, se viu, ontem, envolvido com as investigações do Ministério Público Federal. Citado em uma conversa monitorada pelo MPF, entre familiares de Peixoto, o secretário teria participado de uma reunião na casa do empresário durante a quarentena.
Tristão já acumula críticas e desafetos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Entre os parlamentares, é considerado um interlocutor 'arrogante' do Palácio Guanabara e, no início deste ano, protagonizou a polêmica dos grampos ilegais de deputados. Segundo relatos na Alerj, a arapongagem teria rendido ao secretário um dossiê de cada parlamentar.
Mas é o encontro na casa de Mário Peixoto que pode lhe custar o pescoço na pasta de Desenvolvimento Econômico. Tudo porque, numa conversa gravada pelo MPF, o filho do empresário, Vinicius Peixoto, também alvo da Operação Favorito, diz à mãe que testou positivo para covid-19 na tal reunião em que Tristão teria estado.
Procurada, a defesa do secretário não se manifestou. Já o advogado de Peixoto, Alexandre Lopes, se limitou a criticar a prisão de seu cliente: "Totalmente desnecessária e ilegal".
Ontem, o MPF se manifestou contrário à prisão domiciliar e entrou com uma petição para que a preventiva seja mantida. Ainda não há data para essa decisão. Segundo a investigação, Mário Peixoto seria dono oculto de empresas que possuem contratos milionários sob suspeita com o governo fluminense. Tristão foi advogado de uma dessas empresas e do próprio Mário Peixoto. Também já foi sócio do governador Witzel em um escritório de advocacia.