Tenka Dara faz atendimento personalizado para vender as peças da loja Baobá Brasil - Leandro Oliveira/Divulgação
Tenka Dara faz atendimento personalizado para vender as peças da loja Baobá BrasilLeandro Oliveira/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

O isolamento social provocado pela quarentena é motivo de reclamação para várias pessoas. Mas tem muita gente que encontrou, através do vídeo, formas de contornar a barreira do distanciamento, incrementar a renda ou levar alento a quem está impossibilitado de receber visitas.

Os cariocas Carlos Eduardo Bueno e Marco Antonio Viggiani, que são guias de Turismo, viram os negócios minguarem com a chegada da pandemia. Há 45 dias, eles iniciaram o portal Turismo Virtual no Brasil. Nele, é possível viajar por cidades por videoconferência comandada por um guia local e com duração de 1h30. Até o fim de maio, os passeios eram gratuitos. A partir de hoje, as visitas virtuais custarão entre R$ 5 e R$ 15.

Os destinos são: Belo Horizonte, Floresta da Tijuca e Art Déco no Centro de Goiânia, entre outros. "Nos últimos 20 dias participaram mais de 600 pessoas. Estamos com 25 guias em 18 capitais", comemora Carlos.

Tenka Dara, diretora da loja Baobá Brasil, marca de moda afrobrasileira urbana, também precisou se reinventar. Com a pandemia, Tenka fez afromáscaras, mas foi com as visitas virtuais à loja, em Santa Teresa, que a empresária conseguiu alavancar as vendas em 50%.

"É uma conversa por vídeo para eu ver a pessoa e entender quais as roupas que poderiam ficar legais nela. Faço uma seleção de peças e ela escolhe."

Mas como faz para comprar, vender e alugar imóvel nesses tempos? A Apsa adotou lives com corretores para promover negociações, além de oferecer tour virtual pelos imóveis. "Quando estou fazendo a live, me comporto parte como corretor e parte como inquilino. Sou os olhos de quem está interessado no imóvel", afirma o corretor Lúcio Antônio Miranda da Silva Filho, que realizou recentemente sua primeira live, pelo WhatsApp. Lúcio fez questão de revelar todos os detalhes do imóvel, como os sons que invadiam os cômodos, para que o candidato a inquilino pudesse ter uma real percepção do que estava 'visitando'.

Iniciativas para cuidar do emocional e da memória
Projeto 'Brincar', da UVA: vídeos dos amiguinhos da creche
Projeto 'Brincar', da UVA: vídeos dos amiguinhos da crecheAcervo Pessoal
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A Caixa de Assistência da Advocacia (Caarj) criou um atendimento psicossocial, via celular, para advogados, parentes e agregados que têm apresentado implicações psicológicas por causa da quarentena. Os profissionais são assistidos por psicólogos que voluntariamente se dispuseram a ajudar.
"A depressão é tida como o grande mal do século 21 e uma doença que atinge em cheio a nossa classe. Neste período, o quadro tende a se agravar. E esse projeto, que estendemos também a familiares e agregados, tem feito um grande sucesso", diz Ricardo Menezes, presidente da Caarj.
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Muitas crianças entre dois e quatro anos, que estavam indo à creche, tiveram suas atividades suspensas por conta do isolamento. De olho nesse público, a professora Maria de Lourdes e alunos de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA) criaram o projeto 'Brincar'.
Nele, pais de crianças da mesma turma do Centro de Desenvolvimento Infantil Jardim Vovó Carmem, em Botafogo, gravam seus filhos brincando com a metodologia desenvolvida pelo projeto. Os estudantes pegam o material, editam os vídeos e mandam para os pais de outros alunos da mesma turma da creche para que as crianças reconheçam os amiguinhos nos vídeos.
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Segundo a professora, o objetivo do trabalho é manter ativa a memória das crianças.
"A brincadeira é o que atualmente oxigena nossas mentes. Não é à toa que gostamos de receber vídeos com coisas engraçadas porque o humor é uma forma de brincadeira. Sabemos que esse será também um recorte histórico para quando a criança chegar à vida adulta, se entender no contexto da pandemia e saber como seus problemas foram solucionados", destaca a professora.
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Ainda tem também a campanha 'Circulando afeto: fique em casa, espalhe amor', da Fundação Leão XIII, que mobiliza envio de mensagens (texto e vídeo) aos idosos em isolamento nos abrigos do órgão. Lançada em abril, já são mais de 900 recados enviados em pouco mais de um mês. Para os acolhidos, a iniciativa é um alento para suprir a saudade das visitas que estão suspensas enquanto durarem as restrições por conta da pandemia do novo coronavírus.
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