Fabiano na sua nova rotina: entrega para o cliente Fábio Astrachan - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Fabiano na sua nova rotina: entrega para o cliente Fábio AstrachanGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por ANA CARLA GOMES
Filho de nordestinos e nascido no Rio, Fabiano Souza, de 38 anos,passou a incorporar no nome o seu produto de trabalho, que é sinônimo de praia para o carioca: o famoso Mate Leão, combinação considerada perfeita com o biscoito Globo para quem frequenta as areias da Cidade Maravilhosa. Foi em Ipanema que ele virou o Fabiano do Mate, outra figura marcante que encerra nesta quinta-feira a série ‘Sonhos de um lugar ao sol’. Desde domingo, O DIA revelou a trajetória de cinco trabalhadores da praia,mostrando suas vidas antes e durante a pandemia do novo coronavírus.
Morador de Raiz da Serra, Fabiano, com sua clientela fiel, resolveu apostar na entrega em casa. Depois de tantos anos de experiência na praia, onde começou a trabalhar em 2013, Fabiano conta que a nova rotina lhe exigiu adaptação. “Começou com um amigo falando que estava com saudade do mate e sugerindo para eu fazer entrega. Depois outro amigo também quis. Quando resolvi entregar mate em casa, começaram a chegar os pedidos e a primeira semana foi uma loucura. Nunca havia trabalhado com entrega. Agora estou expert. Mas já houve queda na procura de lá para cá”, conta.
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Fabiano diz que sempre correu atrás na vida e ainda menino já ia para a feira.“Eu ajudava a ensacar, botava para pesar e carregava as coisas para o caminhão”, lembra. Seu primeiro emprego de carteira assinada foi numa rede de restaurantes especializada em massas. “Fui copeiro,ajudante de cozinha”, recorda-se.Depois, foi contratado para fazer faxina num prédio em Copacabana.Saindo desse emprego, seus amigos de Guadalupe, onde morava, o chamaram para trabalhar vendendo mate na praia, como eles já faziam. Ele foi parar logo em Ipanema, onde está até hoje.
Na praia, aprendeu que o grande investimento para um vendedor de mate é ter o próprio galão, que ele adquiriu pouco tempo depois. No entanto,passou algum tempo comprando e vendendo o galão quando o inverno chegava e a renda apertava. Há cinco anos, ele decidiu viver só disso e ser de vez o Fabiano do Mate.
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Das areias para casamentos e formaturas
Fabiano do Mate posa ao lado do lateral Marcelo, do Real Madrid, na Praia de Ipanema
Fabiano do Mate posa ao lado do lateral Marcelo, do Real Madrid, na Praia de IpanemaArquivo Pessoal
Além da praia, o mate rendeu a Fabiano convites para trabalhar em casamentos e formaturas. No seu Instagram, são muitas as fotos do vendedor levando o clima da praia para comemorações. Mas, por contada pandemia, ele teve oito eventos cancelados: “Fui pego desprevenido.O último verão não foi dos sonhos, já que choveu muito”.Os amigos organizaram uma vaquinha até ele decidir apostarem entregas.
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Fabiano, aliás, conta que a praia lhe rendeu amigos.São 160 pessoas num grupo do Whatsapp, no qual ele avisa quando chega às areias: “Estou no escritório”. Não faltam registros com personalidades que frequentam Ipanema,como o lateral Marcelo, do Real Madrid.Assim, Fabiano não se vê em outro trabalho: “A praia é tudo para mim.Não troco por nenhum emprego no ar-condicionado. Tem uma energia boa”.