Por Gabriel Sobreira

De um lado, a Prefeitura do Rio, com medidas de restrições a longo prazo divididas em fases. Do outro, o governo estadual, que, desde ontem, liberou o funcionamento de shoppings e centros comerciais, bares e restaurantes, pontos turísticos, templos religiosos, praia e futebol, entre outros. No meio disso tudo, a população que, perdida, não sabe o que faz.

A capital, porém, é categórica. "Os municípios têm autonomia para regulamentar as medidas de restrição, de acordo com a realidade de cada um", frisou, em nota. Ou seja, prevalece o cronograma da administração municipal, em detrimento da estadual.

Morador da Tijuca, o analista de sistemas Luiz Fernando Padron, 47 anos, que só sai de casa para ir ao supermercado ou à farmácia, não pensou duas vezes quando ficou sabendo da medida do governo do estado.

"Vi pela internet que o governador tinha autorizado a flexibilização e, chegando no Shopping Tijuca, demos com a cara na porta. Fica cada um falando uma coisa e a população a ver navios. O que está acontecendo, não só no Rio, como no Brasil, é a falta de comando central", reclamou Padron.

Não são só os clientes que ficam confusos. Lojistas também estão sem saber qual medida atender. "Estou entre a cruz e a espada, não sei o que faço. O prefeito perdeu a noção. Como libera 14 mil camelôs e não libera a Saara, o maior shopping a céu aberto da América Latina?", questionou João Farid, da loja Rei das Malas, no Centro.

Para Luiz Claudio Ribeiro Magalhães, 43 anos, dono da Chique's Pastelaria, também no Centro, o melhor é esperar a decisão de Crivella. "Quem fiscaliza e multa não é a prefeitura? Ela até agora não liberou. Aqui só para retirar ou viagem. Vou manter assim. As autoridades poderiam se falar", pediu.

No meio disso tudo, viralizou nas redes sociais uma recomendação de que seria melhor esperar passar, pelo menos, duas semanas depois da reabertura de shoppings e restaurantes, pois os aparelhos de ar-condicionado estariam com fungos pela falta de uso.

O infectologista Edimilson Migowski, da UFRJ, porém, refuta o falso alerta. "É uma bobagem. Os aparelhos de shopping seguem uma manutenção muito rigorosa. Isso é uma bobagem sem tamanho. As pessoas resolveram tornar o shopping vilão, quando, na verdade, é muito mais fácil você fazer uma manutenção em um shopping, pois eles fazem todo o trabalho de casa. Tenho dado orientações nesse sentido", esclareceu o especialista.

Só voltar ao shopping depois de um tempo reaberto? É fake, diz infectologista
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Viralizou nas redes sociais, uma recomendação de que seria melhor esperar passar, pelo menos, duas semanas depois que shoppings e restaurantes reabrirem. Isso, de acordo com a publicação, seria indicado porque como a maior parte dos sistemas de ar condicionado foi desligada "sem qualquer procedimento, nem limpeza, gerando acúmulo de água e condensação dentro dos dutos". O texto afirma que tal fato permitiria a proliferação de fungos, bactérias e outros patógenos, podendo causar danos à saúde, principalmente problemas respiratórios.
Para o professor de Infectologia, da UFRJ, Edimilson Migowski, o "aviso" não passa de um boato mal fundamentado. "É uma bobagem isso. Os aparelhos de ar condicionado de shopping seguem uma manutenção muito rigorosa. Isso é uma bobagem sem tamanho. As pessoas resolveram tornar o shopping vilão, quando na verdade é muito mais fácil você fazer uma manutenção em um shopping, os caras fizeram todo o trabalho de casa. Eu tenho dado, inclusive, orientações nesse sentido. Está tudo organizado. Essa dica não procede", refuta ele, com veemência.
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Quando questionado sobre se este é o momento ideal para se flexibilização o isolamento, Migowski defende que a retomada deve ser feita após muita reflexão, estudos científicos, estatísticos, bom senso e experiência de comportamento socioeconômico.
"Nesse momento, a quarentena ela vem contemplando as pessoas regulares, shoppings, bares, restaurantes. Empresas constituintes formalmente. No Recreio dos Bandeirantes, por exemplo, vemos no Terreirão, que é uma comunidade, que 90% está aberto funcionando normalmente. As pessoas usam máscaras, mas está lá bombando. Você vai na Avenida das Américas e está tudo fechado. Quem é regular, que poderia ser fiscalizado, vem sendo mantido fechado. Quem é irregular, vem mantido aberto, com nenhuma orientação. A quarentena contemplou os estabelecimentos regularizados, mas não contemplou os outros estabelecimentos", critica.
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Transporte intermunicipal liberado
Desde ontem, voltou a circular de forma gradual a operação das linhas rodoviárias e vans intermunicipais. O serviço será realizado com algumas regras. De acordo com o decreto assinado pelo governador Wilson Witzel, as linhas que ligam os municípios da Região Metropolitana; entre os municípios do interior do estado; e as de transporte complementar, em qualquer região, deverão operar com ocupação limitada ao número de assentos do veículo.
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Já as linhas que fazem a ligação entre a Região Metropolitana e o interior deverão operar com até 50% dos assentos ocupados, nos veículos tipo Rodoviário, e apenas com passageiros sentados, nos veículos tipo Urbano. O Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) faz a fiscalização com apoio das Forças Policiais.
Em Barra Mansa, Pinheiral e Volta Redonda permanece restrita a circulação de ônibus intermunicipal.
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