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'Vidas Negras Importam': Manifestantes marcham contra o racismo no Centro do Rio
Ato foi 'uma resposta à ação genocida do Estado, nas periferias do Brasil e do mundo contra a população negra'
Rio - Manifestantes marcharam contra o racismo e contra o governo Bolsonaro no Centro do Rio, na tarde deste domingo. Com o tema "Nem fome, nem Covid, nem Tiro - O Povo Negro Quer Viver!", o ato levou para as ruas três principais demandas: fome, covid-19 e tiro.
Erguendo cartazes e entoando palavras de ordem, o protesto "Vidas Negras Importam" se reuniu em frente ao monumento de Zumbi dos Palmares por volta das 15h e caminhou até a Candelária, onde começou a se dispersar por volta das 16h.
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Entre os temas levantados, eles reivindicam a criação imediata de um gabinete de monitoramento de cumprimento da liminar no Supremo Tribunal Federal (STF), que suspende as operações policiais durante o período da pandemia e a Aprovação Imediata do PL 2568/2020 na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre o tema da decisão do STF.Manifestantes marcham contra o racismo e pedem o fim da Polícia Militar no centro do Rio. #ODia pic.twitter.com/LqYM9rm3Hp
— Jornal O Dia (@jornalodia) June 7, 2020
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Além disso, testagens em massa para populações das favelas da capital e da Baixada Fluminense e a criação de uma fila única para leitos de UTI e enfermagem no Rio. Também falam da necessidade de expansão do auxílio emergencial até dezembro no valor de R$ 600 e o investimento em ações de assistência social, a recuperação dos Cras e Creas e expansão de programas de transferência direta de renda.
Em vários momentos os manifestantes gritaram e lembraram nomes de crianças e jovens assassinados nas favelas cariocas, como o da menina Ágatha Félix, no ano passado; João Pedro, morto este ano; Marcos Vinícius, em 2018; e Maria Eduarda, em 2019, além de lembrar o assassinato até hoje sem esclarecimento da vereadora Marielle Franco, há dois anos. Também houve gritos de frases como "Vidas Negras Importam", "Fora Bolsonaro" e "Sem hipocrisia essa polícia mata preto todo dia". Também entoaram a frase "Eu não consigo respirar", palavras ditas antes de George Floyd ser assassinado por policiais brancos em Minneapolis, nos Estados Unidos, no dia 25 de maio, e que gerou uma onda de manifestações por todo o mundo.
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Era possível ver um número grande de policiais, que fizeram cinturão em volta dos manifestantes, além de agentes com cavalos. Além disso, eles realizaram revistas nos manifestantes que adentravam o espaço para o ato.
"Realizamos o primeiro ato na semana passada por conta do crescente número de jovens negros assassinados nas favelas e periferias do Rio. A gente teve mais morte neste período de pandemia nas favelas do que o ano passado. Ou seja, a polícia conseguiu matar mais mesmo na pandemia do coronavírus. Chamamos um ato para a rua com a pauta contra antirracista e as operações policiais", Gizele Martins, integrante do Favelas na Luta.
"Realizamos o primeiro ato na semana passada por conta do crescente número de jovens negros assassinados nas favelas e periferias do Rio. A gente teve mais morte neste período de pandemia nas favelas do que o ano passado. Ou seja, a polícia conseguiu matar mais mesmo na pandemia do coronavírus. Chamamos um ato para a rua com a pauta contra antirracista e as operações policiais", Gizele Martins, integrante do Favelas na Luta.
A continuidade para a realização dos ato se deu também por inúmeras pautas em que os moradores da favela reivindicam, como a desigualdade e o racismo. Além disso, questionam o fato da favela da Grota, no Complexo do Alemão, ter sido alvo de mais uma operação policial mesmo após a decisão da Suprema Corte, na noite deste sábado.
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"A favela sofre. Nós estamos sofrendo. Neste período de pandemia, a situação só piorou. A gente decidiu continuar com o ato, pois nem vírus, nem tiro e nem fome. A gente não quer isso, a gente quer ter direitos, direito a vida, quer ser reconhecido como seres humanos", afirma Gizele.
Segundo Daiene Mendes, uma das porta-vozes do Movimento Favelas na Luta, o ato terminou na Candelária com um protesto das pessoas deitadas no chão. "Quando chegamos no início da Presidente Vargas, os policiais fizeram um cerco em todas as ruas, ao redor da avenida, além de ter revistado todos os manifestantes. Todo mundo deitou no chão, porque é assim que a gente está todo o dia na favela, com os nossos corpos negros no chão. Além disso, para evitar que a polícia fizesse uma dispersão, todo o ato saiu junto, espontaneamente em direção a Central do Brasil", conta ela.
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Neste segundo ato, houve a participação de outros movimentos. Para um terceiro ato, os organizadores afirmaram que ainda será avaliado se será realizado.
Procurada a Polícia Militar, a corporação afirmou os protocolos de segurança estabelecidos, inclusive com o emprego de equipes da Corregedoria que também acompanharam e orientam o trabalho policial.
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Durante a manifestação realizada no período da tarde no Centro da cidade, policiais militares conduziram à delegacia cinco pessoas com 46 frascos de álcool, três pessoas com material entorpecente, uma pessoa por desacato e um homem que portava um aparelho de choque. Policiais do GPFer (Grupamento de Policiamento Ferroviário) abordaram e prenderam um homem com mandado de prisão em aberto por homicídio. Ele foi encaminhado para a 18ªDP.