Defesa diz que mototaxista e artista de coletivo artístico da Rocinha está preso injustamente
Fotógrafo e cinegrafista do coletivo Covil do Flow conduziu jovem que carregava 1,5 kg de cocaína e 540g de maconha na mochila. Advogada diz que Caio Bittencourt não sabia que o passageiro transportava drogas na bagagem
Rio - O mototaxista e artista Caio Bittencourt, 23 anos, foi preso em flagrante no sábado durante uma abordagem quando passava pela Estação Ferroviária Leopoldina, na Região Central do Rio. O fotógrafo e cinegrafista do coletivo Covil do Flow, da Rocinha, transportava na garupa um jovem que carregava na mochila 1,5 Kg de cocaína e 540g de maconha para Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A defesa de Caio alega que o jovem, que trabalha como mototaxista, além de ser garçom em um bar em Botafogo, na Zona Sul do Rio, não sabia que o passageiro transportava drogas.
"Ele recebeu de um colega mototaxista a proposta de trabalho para levar um rapaz para passar o feriadão de 7 de setembro na casa do pai na Região Serrana. O dinheiro era bom e ele aceitou", diz a advogada Maria Claudia Napolitano.
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O inquérito policial registra que o rapaz que transportava a droga, iniciais P.H.A.M, 17 anos, confessou que levava entorpecentes da Comunidade da Rocinha para a Comunidade Val Paraíso, em Petrópolis. Caio alegou que era apenas mototaxista e que não sabia do trasporte da droga. O menor, no entanto, afirmou no momento do flagrante, que o motociclista tinha conhecimento de que a droga estava sendo transportada.
A defesa contesta a versão e critica a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva durante a audiência de custódia. A advogada Maria Claudia Napolitano ressalta que Caio não tinha antecedentes criminais e apresentou declarações elogiosas de empregadores, além de possuir residência fixa. "Apresentamos a declaração do bar em que Caio trabalha, de trabalhos anteriores, alegamos que a moto estava regular e foi liberada. Ele está preso pela palavra de um menor infrator que tem várias passagens por tráfico contra a dele", defende a advogada.
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Em sua decisão, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'ippolito determinou a prisão preventiva alegando que o tráfico ilícito de entorpecentes é equiparado a crime hediondo. O magistrado também justificou a conversão em prisão preventiva pela violência que assola o estado do Rio e sugeriu que "há indícios" de que Caio poderia integrar uma organização criminosa.
"Com efeito, a realidade da violência fluminense não abre margens a puerilidade ou ablepsia ideológica. No nefasto cotidiano do Rio de Janeiro, policiais são caçados, torturados e mortos pela criminalidade organizada em razão do simples fato de exercerem suas funções. (...) E, no caso em concreto, há veementes indícios de que o custodiado integre organização criminosa desse jaez, o que realça sua periculosidade concreta e a necessidade de sua segregação cautelar", anotou o juiz.
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A defesa entrou, nesta quarta-feira, com pedido de revogação da prisão na primeira instância da Justiça e disse que pedirá um Habeas Corpus no Tribunal de Justiça (2ª instância).
Em declaração à Justiça, o empregador de Caio registrou a pontualidade, compromisso e bom trabalho de Caio. "Desconheço qualquer fato que desabone sua conduta. Pelo contrário, sempre se mostrou um jovem esforçado e trabalhador", escreveu José Vitor da Silva, do Sarreufa Club.