Faixa ofendeu vizinha e virou alvo de inquérito civil público do MPF - Reprodução
Faixa ofendeu vizinha e virou alvo de inquérito civil público do MPFReprodução
Por O Dia
Rio - O pastor responsável pela Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus, em Nilópolis (RJ), apresentou ao Ministério Público Federal (MPF) retratação com pedido de desculpas por faixas com frases de intolerância religiosa fixadas na frente do imóvel onde funciona o templo. "Entendo que os tempos atuais exigem posturas diferentes e atentas, visto que o risco da intolerância religiosa é que hoje posso ser o autor, mas amanhã posso ser a vítima", reconheceu José Carlos da Silva.

No fim de julho, o MPF expediu ofício ao responsável pelo imóvel pedindo esclarecimentos. As informações sobre o possível ato de intolerância religiosa chegaram ao órgão ministerial por meio de representação e passaram a integrar o inquérito civil público, em tramitação, que apura o aumento de casos de intolerância religiosa na Baixada Fluminense.

No ofício, o procurador da República Julio José Araujo Junior solicitou explicações sobre possível ato de intolerância religiosa exposto nas faixas. Em uma delas, o pastor se refere às religiões de matriz africana de modo pejorativo, atrelando a elas práticas contra o bem-estar de não praticantes.
Em carta de retratação, o pastor José Carlos da Silva, responsável pela Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus (Igreja Casa da Bênção), no Centro de Nilópolis, pede desculpas aos povos e comunidades de matriz africana. Ele conta que no dia 22 de julho fixou faixas na igreja para informar sobre a realização de uma campanha espiritual de oração. No dia seguinte, o pastor diz que foi procurado por uma vizinha da igreja, que disse ter se sentido ofendida pelos dizeres de uma das faixas, José conta que no mesmo dia retirou a faixa da igreja.
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Leia a carta completa:
Eu, Pastor JOSÉ CARLOS DA SILVA, responsável pela IGREJA TABERNÁCULO EVANGÉLICO DE JESUS (Igreja Casa da Bênção), situada na RUA VEREADOR JOSÉ FORTES N. 341,Centro, NILÓPOLIS, RJ, venho à presença dos POVOS E COMUNIDADES DE MATRIZ AFRICANA apresentar respeitosamente meu PEDIDO RETRATAÇÃO PÚBLICA.
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No dia 22/07/2020 realizei a fixação de faixas na parte externa da igreja onde sou pastor, para informar sobre a realização de uma campanha espiritual de oração.
No dia seguinte fui procurado por uma senhora, vizinha da igreja, dizendo que tinha se sentido ofendida pelos dizeres de uma das faixas, e no mesmo dia, procedi a retirada da faixa apontada.
Informo ao digno Povo e Comunidade de Matriz Africana que sou pastor ordenado desde julho de 1999 e durante estes anos tenho procurado realizar um serviço de auxilio espiritual e social em todas as cidades e comunidades por onde tive o privilégio de passar, sem nunca ter tido nenhuma situação de provocação ou ofensa como autor ou como vítima. 
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Lamento que este fato irrefletido tenha ofendido uma vizinha da igreja, integrante da minha comunidade, e também aos Povos e Comunidades de Matriz Africana, pelo que apresento o meu pedido de desculpas através desta retratação. 
Entendo que os tempos atuais exigem posturas diferentes e atentas, visto que o risco da intolerância religiosa é que hoje posso ser o autor, mas amanhã posso ser a vítima.
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Neste sentido me comprometo com os POVOS E COMUNIDADES DE MATRIZ AFRICANA, bem como com os MEMBROS DE OUTRAS COMUNIDADES RELIGIOSAS a pautar as minhas ações na pacífica convivência com todos, a exemplo do que diz a Bíblia Sagrada no livro de Hebreus, capítulo 12, verso 14, o qual peço licença para transcrever “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.
Isto posto, solicito respeitosamente que minhas desculpas sejam aceitas.
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JOSÉ CARLOS DA SILVA, Pastor Responsável